O presidente somali Mohamed Abdullahi Farmajo e o presidente queniano Uhuru Kenyatta falaram por telefone nesta terça-feira. Os dois discutiram sobre o acidente de avião que matou seis pessoas em Bardale na última segunda-feira. O avião, de propriedade da companhia aérea queniana Africa Express, estava carregando material para combater a pandemia de Covid-19.
Entre os mortos, três eram cidadãos quenianos, segundo o site Garowe Online. A BBC informou que a tripulação era composta por dois cidadãos quenianos e quatro somalis.
Farmajo classificou o acidente como “infeliz”. O presidente queniano, por sua vez, afirmou que o acidente ocorreu em “circunstâncias pouco claras” e exige explicações “aprofundadas”. Nairóbi também pediu que as aeronaves humanitárias que operam na Somália tomassem precauções “extras” após o incidente “sem precedentes”.

“Outras aeronaves humanitárias que operam na região também são instadas a aumentar a precaução extra diante das circunstâncias pouco claras que cercam o incidente”, disse Raychelle Omamo, ministra das Relações Exteriores do Quênia. “O Ministério vai monitorar intensamente a investigação deste trágico incidente e colaborará com todos para trazer o fechamento e a resolução”.
Em um post no Twitter, Ahmed Awad, ministro das Relações Exteriores da Somália, prestou condolências para Uhuru pela perda de vidas e garantiu ao líder queniano investigações “completas” para descobrir o mistério em torno do acidente de avião. “O presidente Farmajo garantiu ao presidente Kenyatta que serão realizadas investigações completas sobre esse acidente infeliz”, escreveu.
O telefonema entre os dois oferece um alívio temporário das tensões que começaram a aumentar na região do acidente.
Tension
O avião, um Embraer 120 da companhia aérea queniana African Express, decolou da capital Mogadíscio e fez uma escala na cidade de Baidoa, no sul. Às 15h30 (horário local), a aeronave caiu perto do distrito de Bardale, a cerca de 300 milhas da capital. Localizado no sudoeste da Somália, o acidente aéreo ocorreu em uma região propensa a tensões.
As autoridades somalis não indicaram a possível causa do acidente, mas também não comentaram a possibilidade de o avião ter sido acidentalmente abatido por tropas etíopes integradas na Missão da União Africana à Somália (Amisom), que estão posicionadas na área e que estão lutando contra o grupo terrorista Al-Shabaab, o braço da Al Qaeda no país.

Por outro lado, oficiais somalis locais em Bardale levantaram um dedo acusador às Forças de Defesa Nacional da Etiópia [ENDF], alegando que são responsáveis por derrubar a aeronave. Os soldados teriam disparado uma granada lançada por foguete no avião.
Esta foi a segunda vez em dois meses que o presidente Farmajo fala sobre um possível “mal-entendido” entre as duas nações. Em fevereiro, os dois governos abordaram as tensões na fronteira de Mandera depois que o Exército Nacional da Somália [SNA] entrou em conflito com as forças regionais de Jubaland, que contam com o apoio do Quênia.
Instalada no Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta, em Nairóbi, a African Express Airways é a maior companhia aérea privada da África Oriental.
Made in Brazil
O modelo que caiu na Somália é o Brasília, um bimotor com número de série 259 – que foi fabricado no Brasil em 1999 e entregue no mesmo ano à companhia aérea americana Comair. A aeronave voa com o African Express desde 2013. A informação é do site brasileiro Airway, especializado em aviação. É a primeira vez que um avião comercial da Embraer é abatido.