Historiador, poeta e diplomata. Diversas são as funções de Alberto da Costa e Silva, mas a sua paixão parece ser uma só: a África. Nascido em São Paulo no ano de 1931, Alberto viveu parte da infância em Fortaleza e aos 13 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro. O apego por história e poesia veio sob influência do avô materno, que possuía uma extensa biblioteca e estimulou seu gosto por livros.

De acordo com Alberto, o continente africano é plural como qualquer outro. O problema é a percepção das pessoas sobre a África. Para ele, o continente é visto como uma única coisa e as pessoas não percebem as diversas culturas que lá vivem. “As pessoas têm a mania de dizer ‘estou indo para a África’. É muito diferente você ir para Dar es Salaam, ou para Luanda, ou ir para Lagos”, reflete.

Em 1957, Alberto da Costa e Silva formou-se no Instituto Rio Branco. A partir de então, atuou como diplomata em lugares como Lisboa, Washington, Madrid, Roma e Caracas. Foi embaixador no Paraguai, em Portugal, na Colômbia, na Nigéria e no Benim. Dentro do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, foi chefe do Departamento Cultural, Subsecretário-Geral e Inspetor-Geral do órgão. Além disso, é membro da Academia Brasileira de Letras.

Como pesquisador da África negra,  publicou muitos livros que contam a história do continente no decorrer do tempo. Aos 85 anos, Alberto recebeu uma equipe de ATLANTICO em sua casa, no Rio de Janeiro. Na ocasião, falou sobre seu trabalho como diplomata e suas percepções sobre o continente africano. “Para cuidar da África, não basta comprar e vender, temos que olhar com interesse e curiosidade de quem abre a janela para a janela do vizinho”.

ATLANTICO – Como nasceu o interesse do senhor pela África?

Alberto da Costa e Silva – Não foi no continente africano, foi no Brasil. Aos meus 15 ou 16 anos, eu li “Casa Grande e Senzala”, que todo mundo hoje lê, mas sem aquela noção de descobrimento, que era uma revelação, uma revelação do nosso passado africano que, pela primeira vez, isso era declarado em alto e bom som e começava a ser estudado. Depois que eu terminei de ler tive a compreensão de que não se pode entender o Brasil sem se conhecer Portugal e a África, porque grande parte da nossa vida, em todos os setores, está marcada por esses dois lugares. Comecei a me interessar, fui ler muitos livros e tudo que havia sobre África no Brasil eu comprava e lia. Era muito pouco. Mas a minha curiosidade era imensa. Saía muito pouco sobre a África nos jornais, mas aparecia. E me interessei desde muito cedo por arte africana, comecei a ler muito sobre arte africana. Foi um sentimento muito curioso e, depois, passou a ter umas certas nuances de que a arte africana tinha representado para a arte europeia, americana, assim como a arte grega antiga tinha representado para a italiana no Renascimento. A arte havia sido, digamos assim, a semente de uma nova concepção da África, assim como o descobrimento da antiguidade greco-latina tinha mudado a maneira de que os europeus viam o mundo, (antes) eles viam de uma maneira prática, agora viam de uma maneira naturalista. Os africanos estavam fazendo o contrário, fazendo com que os europeus abandonassem o naturalismo e voltassem para uma arte conceitual, para uma arte de criação livre. Aí, em um determinado momento da minha vida, aos 23 ou 24 anos, resolvi fazer exame para o Itamaraty e comecei a trabalhar lá. E descobri, na biblioteca do Itamaraty, livros que eu lia às vezes, de autores contemporâneos, que falavam das viagens dos portugueses, italianos e espanhóis, à costa da África. Muitos deles tinham sido do Barão do Rio Branco. Era um vício secreto.

“Quando eu digo que a África não é uma só, é porque as pessoas têm a mania de dizer “estou indo para a África”. Acontece que é muito diferente você ir para Dar es Salaam, ou para Luanda, ou ir para Lagos”

ATLANTICO – Por que o Brasil precisa conhecer melhor a história da África?Alberto da Costa e Silva –

Alberto da Costa e Silva- Nós devemos conhecer a África porque ela está ligada ao nosso passado, faz parte da construção do Brasil. Nós temos que estudá-la pelo que é, porque a África é interessantíssima. A busca da curiosidade, de algo novo, de algo diferente… de algo que nos assalta de um início e vai tomando conta da gente, uma espécie de vício, é mais ou menos como crack e cocaína. (Risos). No caso da África vicia-se apenas para o bem.

ATLANTICO – De maneira geral, quando se estuda a história do Brasil, o negro aparece como mão-de-obra cativa, salvo em algumas exceções. Qual o real papel do negro na nossa história?

Alberto da Costa e Silva – O verdadeiro papel do negro foi de colonizador do Brasil,  de co-construtor do Brasil.  Nós ficamos muito com uma espécie de remorso coletivo ligado ao problema da escravidão, e temos essa tendência de vê-lo como um ex-escravo, quando, na verdade, o negro não é ex-escravo, é um ex-africano. É uma coisa diferente, porque todos nós fomos escravos. Na história da humanidade não há cultura que não tenha conhecido a escravidão. A escravidão não existiu só no Brasil. Existiu em Roma, na Inglaterra até o fim da Idade Média existiu na própria África, no Japão. O índio brasileiro conheceu a escravidão, o índio americano conheceu a escravidão… Então, o que acontece é o seguinte: nós passamos a ver o africano e os seus descendentes como força de trabalho e isso permeia, ou melhor, permeava a historiografia brasileira até há uns 30 anos atrás. Esta visão que o Gilberto Freyre é o primeiro a desmontar, o injustiçado Gilberto Freyre, que o Brasil esquece o quanto deve a ele, de que o negro é apenas mão de obra cativa. E nós nos esquecemos de que esse africano, trazido para cá à força, vai introduzir elementos de agricultura tropical, o trabalho do ferro, os  primeiros fornos que o Brasil teve foram africanos. Quando se descobre o ouro, quem vai trabalhar o ouro é o negro, porque eles já tinham a tradição de trabalhar com o ouro na África muito antiga, porque cavavam minas, faziam ligações subterrâneas etc. Você acredita que Portugal, que não tinha ouro, sabia trabalhar com ouro? Aprendeu com o africano aqui! O africano vai ensinar também o branco e o índio como cuidar do gado. Os africanos tinham a habilidade de manejar o gado na África. E o que vai fazer o vaqueiro nordestino? Ele vai abrir o território brasileiro. Muito se fala dos bandeirantes, mas os vaqueiros brasileiros foram os que realmente abriram os espaços e ocuparam esses espaços. O africano influenciou muito o brasileiro, você pode ver isso na Bahia. E eu vou dizer uma coisa que eu não tenho certeza nenhuma, mas é uma hipótese que estou trabalhando nela. A Casa Grande no Brasil é uma criação da Senzala. Vou explicar. A Casa Grande geralmente era uma grande casa de tijolos, obedecendo, em geral, uma arquitetura portuguesa, que era o centro de uma área de exploração econômica. Ali morava o senhor com suas mulheres, os filhos e suas mulheres, as filhas com os maridos, os agregados e os escravos. Pois bem, isso não se encontra em Portugal. Em Portugal você tem a casa grande, que é o dono da terra, com sua mulher, com um ou dois filhos, o filho que vai herdar a casa e os empregados. E ele tem as outras mulheres em casas diferentes. Agora como é na África? Você tem uma cerca grande, cada mulher tem sua cabana, mas tudo em uma casa só, cercada. Tem suas mulheres, filhos, os escravos, os agregados… A Casa Grande é uma estrutura política socioeconômica de pensamento português e de construção africana. A maneira de viver do dono da casa grande, do grande chefão, era a mesma maneira de viver que do grande chefão na África. O sentido era, quando mais gente você tem no seu comando, mais poderoso você é. Então, se tem coisas que quem viveu na África reconhece um africano na rua do Rio de Janeiro rapidamente, pela maneira de andar, pela maneira de sentar. Determinadas maneiras de nós sermos são muito africanas, e outras não… Outras nós perdemos. Mas se tem uma presença da África material, da África como pensamento muito forte no Brasil, da mesma maneira que você tem dos portugueses. Se você vai à Recife ver aqueles bonecos enormes no Carnaval. Aí você vai na África, chega no Togo, por exemplo, vê aqueles bonecos enormes. Foi do Brasil para África. Esses bonecos são bonecos de festas portuguesas. Vieram para o Brasil de Portugal e do Brasil foram para a África. Determinadas coisas que nós pensamos que são criações africanas, não são.  Feijoada é portuguesa. Mas era feito com feijão branco. É que quando a gente recebe alguma coisa de outros povos, a gente muda.

“Não sou responsável por isso (tráfico de escravos), não tenho que pedir desculpas pra ninguém. Quem devia ter pedido desculpas eram meus antepassados, mas eu não recebi de legado a participação dessa tragédia”.

ATLANTICO – Quais as principais lembranças o senhor tem do tempo em que morou na África?

Alberto da Costa e Silva – São tantas lembranças. Em 1960, a segunda vez que eu fui a Lagos, na Nigéria, no hotel pra tomar um café da manhã, vi chegar duas senhoras perto de mim e um delas diz assim “como vão os meus patrícios?” Era uma senhora africana, brasileira, que tinha voltado para África quando tinha 14 anos com os pais dela e nunca mais tinha visto um brasileiro e nunca mais tinha falado português, mas falava e escrevia português perfeitamente. Ela estava com uma amiga que também era descendente de brasileiro, mas já tinha perdido o uso da fala e não era capaz de ter uma conversação. Dona Romana da Conceição. Essa tinha a conversação e foi emocionante, pra mim e pra ela. Eu não esperava encontrar isso. Foi uma emoção muito viva e muito forte. E depois, evidentemente, fui conhecer o quarteirão brasileiro que está acabando, porque o centro da cidade, na parte mais valorizada, as ruas brasileiras estão sendo demolidas para construir grandes prédios.

ATLANTICO – O senhor defende que a África, como unidade, não existe. Qual seria a melhor definição para o continente?

Alberto da Costa e Silva – Como a Europa, como unidade, estão tentando construir e olha a dificuldade.…

ATLANTICO – Qual a seria a melhor definição para o continente então?

Alberto da Costa e Silva – A África é um continente como outro qualquer, de diferentes culturas. Quando eu digo que a África não é uma só, é porque as pessoas têm a mania de dizer “estou indo para a África”. Acontece que é muito diferente você ir para Dar es Salaam, ou para Luanda, ou ir para Lagos. Os africanos só se reconheceram como africanos quando chegaram no Brasil e nos Estados Unidos, porque aí então eles olhavam para o outro e passavam a reconhecer o branco e o negro, o africano e o europeu. É uma coisa que é muito curiosa quando se estuda os descendentes. É verificar como eram diferentes os crioulos nascidos no Brasil e os da África. Ao ponto de mulheres africanas não se casarem com crioulos e vice-versa. Eles não se viam como iguais. Nós temos a tendência de achar que tudo é uma coisa só. Quando eu falo de unidade eu me referi a isso.

ATLANTICO – A que se deve esse recente interesse do mundo no continente africano? Podemos chamar de uma colonização?

Alberto da Costa e Silva – Desde que  comecei a me preocupar com África eu vejo o interesse do mundo e do Brasil aumentar e diminuir, dependendo do desenvolvimento e da circunstância. Eu vivi na África durante três anos e vivi em um desses momentos em que a África era um grande objeto de interesse econômico e de curiosidade intelectual. Depois isso mudou.
Os africanos já levam tanta pancada que não precisa levar pancada de amigo. Porque a nossa maneira de ver as coisas é distinta das deles. Um fato curioso: a minha esposa, que ja faleceu, era poliglota, tinha facilidade para línguas e estava dando aula de francês para a mulher do ministro das Finanças da Nigéria. Um dia eu cheguei em casa e minha mulher disse “Você não sabe o que aconteceu. A Mina me disse ‘Agora que tenho intimidade com você quero fazer uma pergunta que eu sempre quis fazer com uma mulher ocidental. Como vocês aguentam ser uma mulher só para um homem? Isso é uma missão muito chata, eles dão muito trabalho. Eles precisam de pelo menos duas para aguentar”. E ela respondeu “Você sabe que eu nunca tinha pensado nisso?” (Risos). São diferenças de cultura e comportamento.

ATLANTICO – O senhor tem acompanhado a história da África nos últimos 50 anos.  Quais foram as principais mudanças que houve no continente, do período em que esteve lá até agora?

Alberto da Costa e Silva – O meu maior interesse sempre foi o passado, porque eu estou cansado do presente. O que nós temos todos os dias não me agrada. O passado também não me agrada, mas eu gosto de conhecê-lo. Eu tive uma carreira que exigiu de mim que me voltasse para outros assuntos. Por exemplo, eu fui embaixador em Lagos, depois fui Chefe da Divisão de Controle de Departamento Cultural do Itamaraty, depois Subsecretário Geral para a Administração, fui ser embaixador em Lisboa, embaixador na Colômbia e depois no Paraguai. Então, eu tive que estudar tudo, mas como eu tinha maior interesse pela África antiga, me dediquei mais. Boa parte dos meus fins de semana e das minhas horas me dedico à África antiga.

Pois bem, no início a África foi uma grande esperança. Nos anos 60 a África cresceu muito, assumiu a posse e controle dos seus recursos naturais, começaram a se fazer sentir por vários aspectos, sobretudo porque os partidos começaram a se transformar em partidos nacionais, cada um deles representando um grupo ou uma nação. Grandes partidos formados por um conjunto de povos que eram aliados, mas mesmo nesses grandes partidos havia divisão de acordos com os povos. Aqueles segmentos/nações que assumiram o comando começaram a drenar para a cidade os recursos gerados no interior. Assim, por exemplo, a Costa do Marfim progrediu muito em relação ao preço do café e do cacau, mas alguns plantadores de café e de cacau pouco se beneficiaram, porque quem comercializava o produto era o estado, o produto estava na mão de gente que não entendia, de quem nunca tinham visto um pé de café. Então, começou um conflito não só dentre os povos e diferentes nações, mas entre os interesses econômicos e antagônicos, entre a cidade e o campo, no qual a cidade era representada por algumas nações e o campo por outras. Nesse momento conflitivo os militares tomaram o poder em quase todos esses países. As forças armadas francesas e inglesas se transformaram em forças armadas senegalesas. Então, foi um período muito complexo nos anos 80, em que a África ficou quase toda controlada por regime de partido único, ou militar ou civil, mas quando civil, com forte apoio militar. Então, a década de 80, pode-se dizer, que para a África, mais que para o Brasil, foi uma década perdida. E nos anos 90 começa uma reviravolta, o continente vai aceitando o fato de que os países podem ser constituídos de muitos povos e diferentes nações.

ATLANTICO – Muito se fala que a África é o continente do futuro. Por ser jovem, ter um desempenho econômico positivo e por estar passando por um processo de mudança. Que perspectivas o senhor tem em relação ao continente para os próximos anos?

Alberto da Costa e Silva – Eu torço para que eles continuem como estão agora, com poucos lugares com conflito. Ainda há certas áreas na África conflituosas, mas espero que eles superem isso.

ATLANTICO – Como o senhor tem acompanhado a questão da imigração?

Alberto da Costa e Silva – Sempre houve imigração, a história da humanidade é uma história de imigração, toda ela. Ninguém nunca ficou em um lugar onde nasceu, ninguém que eu digo, o povo, o homem. Ele sempre se expande, se mistura.

ATLANTICO – Mas o fenômeno, hoje, é mais preocupante?

Alberto da Costa e Silva – Mas isso vai se ver, não com África e Europa, mais com os conflitos palestinos. Se pensava que havia remédio fácil, mas não há remédio para conflito.

ATLANTICO – Qual a moral da história? Qual a sua mensagem?

Alberto da Costa e Silva – Continuar tendo a África como as nossas prioridades. Não nos iludamos, se não cuidarmos bem da África ela vai ser um problema pra nós daqui a 100 ou 50 anos. Nós temos que cuidar da África. Então, para cuidar da África, não basta comprar e vender. Nós temos que olhar com interesse e curiosidade de quem abre a janela para a janela do vizinho. Não é que nós tenhamos dívida com a África. O fenômeno do tráfico escravo transatlântico foi terrível, foi a mais feroz ação humana que houve, um a transmigração forçada de 12 milhões de criaturas humanas… Eu não sou responsável por isso, não tenho que pedir desculpas pra ninguém. Quem devia ter pedido desculpas era meus antepassados, mas eu não herdei, não recebi de legado a participação dessa tragédia. Não transfiram para o presente as culpas do passado e não expliquemos as nossas falências pelo passado. Há uma tendência no Brasil para atribuir qualquer coisa à escravidão. Isso é fruto da nossa incompetência de fabricar um mundo justo. Eu tenho 85 anos de idade, quando eu me dei por gente, esses problemas poderiam ter começado a ser resolvidos, não foram porque somos incompetentes. Nós não tivemos o sentimento de justiça, nós não somos generosos.

“O meu maior interesse sempre foi o passado, porque eu estou cansado do presente. O que nós temos todos os dias não me agrada. O passado também não me agrada, mas eu gosto de conhecê-lo”

ATLANTICO – O que acha do sistema de cotas raciais?

Alberto da Costa e Silva – Ajuda muito. Homens e mulheres importantes de raça negra nós sempre tivemos. O que nós não temos é a ascensão do conjunto como um todo. Nós precisamos criar incentivos para que haja mais advogados negros, mais atendentes de bancos negros, mais enfermeiros negros, atendentes de hotéis etc. Para essa ascensão coletiva nós precisamos dar um empurrão e as cotas representam isso. Apesar das críticas, porque fere o espírito da meritocracia, mas mesmo que fira esse espírito, ela representa, que estamos fazendo alguma coisa, e disso vai sair algo de bom. É o mínimo. E sou favorável não só nas universidades, sou favorável nos empregos, nos cargos. Agora uma coisa muito curiosa, negro no Brasil não é negro nos EUA, é bem diferente. Nós jogamos para uma pessoa que tem antepassados negros, nos EUA é por origem. Então acontece uma coisa muito curiosa, vem um estrangeiro pro Brasil – isso já aconteceu comigo mais de uma vez – eles falam: “Você tem razão. Difícil encontrar no Brasil um homem branco, a gente só encontra mestiço”. Outro amigo meu, um grande historiador africanista, depois de uns 15 dias andando pelo interior do Rio de Janeiro, em função da pesquisa que ele estava fazendo, disse  “Vocês ficam dizendo que o Brasil é o segundo país negro, mas tem pouco negro aqui, tem muito é mulato”. (Risos) Mas quando se mora na África você vê que o negro no Brasil não é tão comum.

ATLANTICO – Fale sobre o seu próximo livro.

Alberto da Costa e Silva – Eu estou com 12 capítulos tentando avançar. Mas, passei os últimos 8 anos sendo escravo de médicos. Então eu tenho: fonoaudióloga, fisioterapeuta, acupuntura e vou trabalhando quando me deixam. Eu fui casado 54 anos, ela se foi em 2011. A vida é boa e é boa em todo lugar, viver e olhar o mundo, ler. Meu pai perdeu o uso da razão quando eu tinha 3 anos de idade, isso foi motivo de infelicidade para toda a vida. Mas esse homem foi o meu melhor companheiro de infância, porque ele tinha todo o tempo pra mim. Ele ficava na cadeira de balanço com o livro aberto, passava o dia todo lendo. Quando eu pedia pra ele desenhar pra mim, ele desenhava. A gente andava pelas ruas, eu ele e a enfermeira. Nessa época nós morávamos em Fortaleza e ele sabia os passarinhos que cantavam, os nomes das plantas, ele sabia tudo. Aos 18 anos eu tive uma tuberculose pulmonar, passei três anos em Campos Do Jordão pra curar a tuberculose, mas foi lá que eu conheci Verinha. Se houver Deus, e é até provável que haja, é uma força que não tem nada a ver com o mundo. Ou melhor, Ele orienta o universo. Porque o universo é inexplicável. Agora achar que Deus vai ser culpado da minha dor de dente?

A literatura do diplomata

Os livros referentes à história da África negra, de Alberto da Costa e Silva são A enxada e a lança: a África antes dos Portugueses (1992), As relações entre o Brasil e a África Negra, de 1822 a 1° Guerra Mundial (1996), A manilha e o Libambo: A África e a Escravidão, de 1500 a 1700 (2002), Um Rio Chamado Atlântico (2012), Francisco Félix de Souza, Mercador de Escravos (2004).  Alberto também tem publicados livros de poesia, ensaios, memoriais, antologias, obras coletivas e adaptações.

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