Impossível fazer uma lista dos músicos africanos mais influentes do século XX e não incluir o saxofonista camaronês Manu Dibango.  Considerado a lenda do afro-jazz, ele ganhou notoriedade mundial ao cair nas graças dos DJs novaiorquinos, que catapultaram a música “Soul Makossa” a um dos maiores hits de 1972 .

Chamado carinhosamente de “Papy Groove”, Dibango faleceu esta semana em um hospital de Paris, vítima do Covid-19 – talvez a primeira celebridade acometida pela doença. 

Manu Dibango desenvolveu um estilo musical próprio, que mistura elementos tão díspares como reggae, jazz, afro-beat e funk. Também promoveu a união entre o world music e o pop, inspirando várias gerações de músicos e tornando-se ícone da black music.

2015: Manu Dibango participa em Brasília de uma reunião com o ministro da Cultura do Brasil e o embaixador francês Laurent Bili (Foto: LiadePaula/MinC)

Nascido Emmanuel N’Djoke Dibango em Duala, Papy Groove sempre teve uma vida ligada à música. Desde criança gostava de ouvir no gramofone do pai – um funcionário público – a música de vários lugares do planeta. A mãe estilista fazia às vezes de professora em uma igreja, lugar onde teve oportunidade de participar de um coral. Dos vários instrumentos que dominara, escolheu o saxofone como seu favorito. 

Na Bélgica, nos tempos de faculdade, teve contato com a comunidade congolesa. Se apaixonou tanto pelo país a ponto se mudar para a capital Kinshasa – na época ainda chamada de Léopoldville – para gerenciar uma casa noturna. Essa história está contada em Trois kilos de café, sua autobiografia lançada em 1989.

3 músicas para lembrar Manu Dibango 

Para celebrar a carreira de Manu Dibango, ATLANTICO escolheu três faixas. Elas podem ser o pontapé para adentrar na obra do gênio, que teve uma careira agitada.

Soul Makossa 

O mais célebre trabalho de Manu Dibango é cheio de controvérsia. Isso porque em 1983, como parte do álbum Thriller, o norte-americano Michael Jackson lançou a cancão Wanna Be Startin’ Somethin’ que teria uma versão acelerada de um trecho de Soul Makossa. O mesmo trecho foi reutilizado em 2008 pela cantora Rihanna na música Don’t Stop The Music. A questão foi parar nos tribunais e resolvida com um acordo judicial.

Pepe soup 

Lançada em 1973 como parte do álbum “Makossa Man”, a faixa tem uma batida contagiante e cheia de psicodelia. Inúmeros grupos musicais mundo afora foram claramente inspirados nesse som. Ouça “Apache”, do grupo The Sugarhill Gang, lançada em 1981, e tome suas próprias conclusões.  

Africadelic

Também lançada em 1973, Africadelic é cheia de vida, inspirando temas musicais para cenas de ação na televisão e no cinema. É um trabalho vibrante, elétrico e que mostra como toda a mistura musical proposta por Dibango pode dar certo se bem executada. É um deleite! 

+ Ouça outros sucessos de Manu Dibango nesta playlist do Spotify

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