O Papa Francisco esteve em três países africanos entre os dias 4 e 10 de setembro: Moçambique, Madagascar e Ilhas Maurício.  Em uma conversa com os jornalistas na última quarta-feira (11), o Papa fez um balanço sobre a viagem. Entre outros assuntos, o líder católico falou sobre os desafios encontrados nesses países, sobre a importância da proteção ambiental e sobre a esperança na juventude. 

Juventude

A África é um continente jovem, tem uma vida jovem, se a compararmos com a Europa”, falou o Papa, ao se referir a juventude africana. “Vocês têm o desafio de educar esses jovens e fazer leis para eles. A educação neste momento é uma prioridade no seu país”, complementou, se referindo a Moçambique ao responder a pergunta de um jornalista do país.

Papa Francisco em Madagascar, Foto: AFP/Tiziana Fabi

O Estado deve cuidar da família, dos jovens. E é dever do Estado de levá-los adiante. Então, repito, para uma família ter um filho é um tesouro. E vocês têm essa consciência, têm a consciência do tesouro.” declarou ao responder uma pergunta de um jornalista de Madagascar. “Uma coisa sobre as crianças que me impressionou nos três países é que as pessoas me saudavam. Havia também crianças pequenas que também saudavam, estavam muito alegres”, acrescentou.

Globalização e Xenofobia

Francisco falou sobre os desafios da globalização. “Hoje não existem colonizações geográficas – pelo menos não tantas. Mas existem colonizações ideológicas, que querem entrar na cultura dos povos e transformar aquela cultura e homogeneizar a humanidade”. E concluiu: “Devemos respeitar a identidade dos povos, esta é uma premissa a ser defendida sempre. Assim expulsamos todas as colonizações.

Papa Francisco em Moçambique, Foto: REUTERS/Grant Lee Neuenburg

O Santo Padre também comentou sobre a xenofobia. “Li nos jornais sobre esta xenofobia, mas não é apenas um problema da África. É uma doença humana, como o sarampo. É uma doença que entra num país, entra num continente, e colocamos muros. Mas os muros deixam sozinhos aqueles que os constroem. Sim, deixam de fora muitas pessoas. Mas aqueles que permanecerem dentro dos muros ficarão sozinhos e no final da história derrotados por causa de grandes invasões.” E apontou para seus riscos e situação na África. “Temos de lutar contra isso: seja a xenofobia de um país em relação a outro, seja a xenofobia interna, que, no caso de alguns lugares na África e com o tribalismo, conduz a uma tragédia como a de Ruanda“.

Meio Ambiente

Ao falar sobre sustentabilidade, o Papa comparou a exploração ambiental com a corrupção. 

 “Há no inconsciente coletivo um lema: a África deve ser explorada. Nós jamais pensamos: a Europa deve ser explorada. Devemos libertar a humanidade deste inconsciente coletivo. O ponto mais forte da exploração está no meio ambiente, com o desflorestamento, a destruição da biodiversidade”, defende.. “Há uma palavra que devo dizer e que está na base da exploração ambiental. E a palavra feia, feia é a corrupção”. 

Francisco lembrou que os cuidados com os mares e oceanos estão em suas intenções de oração para setembro. “Depois, há os grandes pulmões, na República Centro-Africana, em toda a região Pan-amazônica”, disse. “São pequenos pulmões do mesmo tipo. É preciso defender a ecologia, a biodiversidade, que é a nossa vida, defender o oxigênio, que é a nossa vida”, afirmou o Papa.

Passagens por Moçambique, Madagascar e Maurício

Papa Francisco começou sua viagem por Moçambique. Ele celebrou uma missa campal no Estádio Nacional do Zimpeto. “Hoje, se identifica Moçambique com um longo processo de paz que teve os seus altos e baixos, mas no final conseguiram concluí-lo com um abraço histórico. Espero que isso continue e rezo por isso”, elogia.

Em Madagascar o líder católico criticou “certas práticas que levam à cultura de privilégios e exclusão” e celebrou uma missa para mais de 1 milhão de pessoas. 

Papa Francisco em Mauricio, Foto: AFP

O Santo Padre encerrou suas viagens em Maurício onde rezou uma missa para 100 mil pessoas. Francisco se referiu a um arquipélago reivindicado pelo Reino Unido e pelas Ilhas Maurício como Chagos, ao invés de seu nome britânico. O fato deu esperança a moradores de Maurício que querem devolução de arquipélago pelo Reino Unido

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