Declarações controversas a respeito do continente africano feitas pelo primeiro ministro britânico Boris Johnson no passado ressurgem em meio a críticas e dúvidas a respeito de das futuras relações entre a Grã-Bretanha e o continente africano.
Em 2002, ele defendeu a colonização do continente. “O problema é que estivemos no comando, mas agora não estamos mais”, diz. Ele também usou termos difamatórios para se referir a pessoas negras em artigo publicado no Daily Telegraph durante a passagem do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair no Congo.
Em 2016, Johnson também escreveu para o jornal britânico The Sun um comentário relacionando o fato do ex-presidente americano Barack Obama remover um busto de Winston Churchill do Salão Oval à sua “aversão ancestral”, em referência à descendência queniana de Obama.
Essas e tantas outras declarações sobre a África e sobre as pessoas negras têm causando diversas críticas nas redes sociais. Além disso, as falas do novo primeiro-ministro criam incertezas quanto às relações futuras entre a Grã-Bretanha e os países africanos.
“Como um africano assistindo a todos esses desdobramentos políticos entre Reino Unido e Nigéria, o que deveria ser de maior consideração é exatamente o que a África e a Nigéria podem ganhar durante o período em que o recém-aprovado premier da Grã-Bretanha estive no poder”, avalia Emmanuel Onwubiko, diretor da Associação dos Escritores de Direitos Humanos da Nigéria (HURIWA), em um artigo publicado pelo portal SaharaReporters.
“O atual clima de populismo cria a impressão de que a Grã-Bretanha em particular (e a Europa em geral) sempre viu a África como uma fonte de conflitos, exigências de ajuda e imigração indesejada. Em suma, é visto como um problema. Mas grande parte de nossa história recente, e o anseio dos países que compõe a Comunidade das Nações pelo aumento do comércio e do acesso ao mercado, mostra que a África é uma oportunidade ”, declarou Mumtaz Kassam, vice-chefe de missão da Embaixada de Uganda em Roma. Em um artigo publicado pela Euronews, ela chama atenção para a importância do mercado africano, que vem crescendo e recebendo grandes investimentos de iniciativas privadas. Antes de trabalhar em Roma, Kassam foi vice-chefe de missão da Embaixada no Alto Comissariado de Uganda em Londres.
Brexit: primeira missão
O ex-ministro do Exterior britânico foi eleito na última terça-feira (23) como sucessor da premiê Theresa May na liderança do Partido Conservador e, por consequência, será o novo chefe de governo do país. O atual primeiro ministro tem como uma de suas principais bandeiras a saída do Reino Unido da União Europeia. Medida que deve ser cumprida até o dia 31 de outubro, com ou sem acordo, segundo ele.
Anteriormente, Jonhson ocupou o cargo de ministro do Exterior entre 2016 e 2018 e anteriormente foi prefeito de Londres de 2008 a 2016.
Ele sucede Theresa May, que renunciou no dia 7 de junho, depois que o Parlamento britânico rejeitou repetidamente o acordo de retirada da UE que ela acertou com o bloco europeu. Johnson insiste que conseguirá levar a UE à renegociação do pacto do Brexit, mesmo sem o apoio absoluto da câmara a qual presidirá.