Em relatório divulgado no início de janeiro, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) classificou oito países – cinco deles na África – em necessidade emergencial de apoio alimentar, afetando mais de 50 milhões de pessoas. Nesta realidade, as políticas bem sucedidas realizadas pelo Brasil nos últimos anos podem servir como modelo para fortalecer outros países.
O Fome Zero, programa brasileiro, tem sido exportado para outras nações do mundo, em especial na África, América Latina e Ásia e já com resultados que empolgam. Foi este sucesso que levou o brasileiro José Graziano Silva, Diretor-Geral da FAO, a ser condecorado na 32º Cúpula Ordinária da União Africana, que aconteceu entre os dias 10 e 11 de fevereiro em Adis Abeba, na Etiópia.
Em seu discurso, Graziano destacou que, embora os resultados sejam positivos, é preciso que se continue trabalhando para que se erradique a fome no continente. “Esse reconhecimento é um incentivo coletivo para mantermos a visão do Fome Zero no topo das mentes e dos corações africanos”, afirmou.
O Diretor-Geral da FAO, José Graziano Silva (à direita), se encontrou em Adis Abeba com o professor Bosco Monte, Presidente do IBRAF. Eles trataram sobre as prioridades nas relações Brasil-África
O diretor ainda pontuou que não há como resolver a atual situação de fome para as futuras gerações na África se não houver estímulos para que os jovens permaneçam, trabalhem e morem nas áreas rurais.
De acordo com o relatório, as nações africanas nesta situação são República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Somália, e Chade, a lista é completada com Síria, Iêmen e Afeganistão. Boa parte destes países se encontram em situação de conflito que já dura anos.
Foto: WFP/Natan Giuliano
Neste cenário, o Centro de Excelência contra a Fome, criado em 2011 pelo World Food Program em parceria com o governo brasileiro, realiza papel ativo. O Centro tem objetivo de levar a experiência nacional de combate à fome para outras nações em desenvolvimento, tendo atuação em 30 países.
“As políticas de combate à fome do Brasil são reconhecidas em todo o mundo por sua excelência e podem ajudar a fortalecer políticas de vários outros países e, com isso, diminuir o impacto de conflitos e outras situações de emergência, como desastres naturais” explica Daniel Balaban, diretor do Centro que, em 2018, beneficiou milhares de pequenos agricultores e 4 milhões de crianças com programas de fortalecimento da alimentação escolar.
A ATLANTICO online recentemente realizou uma matéria com os principais detalhes do último relatório da FAO, que pode ser acessada neste link: O novo mapa da fome, segundo a FAO
Empenho global
José Graziano da Silva ao lado Comissária para a Economia Rural e Agricultura da Etiópia, Josefa Sacko. Foto: Divulgação/FAO
A temática da Segurança Alimentar está sendo largamente discutida na primeira Conferência Internacional de Segurança Alimentar, que aconteceu esta semana em Adis Abeba. A contaminação dos alimentos com bactérias, vírus, parasitas, toxinas ou produtos químicos esteve entre os assuntos discutidos no evento. Essa problemática é responsável pelo adoecimento de mais de 600 milhões de pessoas e pela morte de 420 mil, anualmente.
O impacto dos alimentos inseguros custa às economias de baixa e média renda cerca de US$ 95 bilhões em produtividade perdida a cada ano. “O alimento deve ser uma fonte de nutrição e prazer, não uma causa de doença ou morte”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde. “Garantir que as pessoas tenham acesso a alimentos seguros exige investimentos sustentados em regulamentações, laboratórios, vigilância e monitoramento mais rigorosos. Em nosso mundo globalizado, segurança alimentar é problema de todos”, completou.
Delegações de 130 países participaram da conferência organizada pela União Africana (UA), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Um segundo evento sobre o tema será realizado nos dias 23 e 24 de abril, em Genebra. O Fórum Internacional sobre Segurança Alimentar e Comércio está sendo organizado pela FAO, OMS e Organização Mundial do Comércio para discutir as interligações entre segurança alimentar e comércio.
A Segurança Alimentar como fator primordial para garantir o desenvolvimento sustentável também será tema do Fórum Brasil África 2019, evento que será promovido pelo Instituto Brasil África em novembro e que reunirá diversos líderes em torno do assunto. É possível obter mais informações sobre o evento através do site www.forumbrazilafrica.com