Representantes do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmaram nesta quarta-feira (17) uma parceria para promover ações globais de formação de profissionais de saúde. O objetivo da cooperação é contribuir, por meio de pesquisa e qualificação, com a cobertura universal de saúde.

Natalia Kanem e Nísia Trindade. Foto: UNFPA

As propostas de iniciativas conjuntas incluem a utilização do Campus Virtual da Fiocruz e a oferta de cursos para profissionais de saúde de países onde a UNFPA atua — em especial, os países africanos lusófonos. Também está prevista a possibilidade de estágio na sede da organização, em Nova Iorque.

Para a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, a colaboração vem num momento oportuno, pois a fundação brasileira se prepara para comemorar 120 anos de existência, em 2020. O tema das celebrações do aniversário será “Uma visão de futuro para saúde”. “Em tal visão, o futuro precisa ser imaginado com grandeza, nos termos da Agenda 2030″, afirma Trindade, citando a agenda das Nações Unidas que reúne os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável˜. 

No Brasil, o Fundo de População e a Fiocruz já mantêm uma parceria com o compromisso de fortalecer políticas públicas e o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2016, as duas instituições tiveram importante atuação na resposta ao vírus zika. O diálogo aberto entre especialistas, pesquisadores, sociedade civil, organismos internacionais e atores do governo permitiu aprimorar as políticas sobre os direitos das mulheres e dos adolescentes no combate à epidemia.

Foto: Fiocruz

Direitos reprodutivos no Egito

A instituição de pesquisa do Brasil tem projetos de sucesso no Programa de Ação do Cairo — uma estratégia adotada pelos países após a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada em 1994, na capital do Egito.

A CIPD representou uma mudança de paradigma na forma como os direitos reprodutivos passaram a ser discutidos, dando ênfase nas liberdades individuais, no empoderamento das mulheres e no poder da escolha. “Este acordo vai nos ajudar a aproveitar ainda mais nossos pontos fortes e vai beneficiar mais pessoas no Brasil e no mundo. E esperamos estabelecer mais centros internacionais de excelência para o compartilhamento de conhecimento e inovação, alavancando as bem-sucedidas experiências da Fiocruz em áreas específicas previstas no Programa de Ação do Cairo, da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, a CIPD, que guia nosso trabalho no UNFPA”, afirma Natalia Kanem, chefe global do UNFPA.

Jaime Nadal, representante do organismo da ONU no Brasil, afirmou ainda que a Fiocruz “contribui de diversas formas para o alcance do desenvolvimento sustentável, promovendo a saúde sexual e reprodutiva e ajudando a garantir que o mandato do UNFPA seja materializado, o que pode fortalecer as políticas públicas e as capacidades institucionais dos países por meio do compartilhamento de boas práticas e conhecimentos”.

Fórum Político de Alto Nível

O encontro para a formalização da parceria entre o UNFPA e a Fiocruz ocorreu na sede do Fundo de População, em Nova Iorque. Delegações das duas instituições participam nesta semana do Fórum Político de Alto Nível para o Desenvolvimento Sustentável, evento da ONU que reúne representantes de governo, sociedade civil, setor privado e academia para discutir progressos e desafios no cumprimento dos ODS. O evento começou no último dia 9 e se encerra nesta quinta-feira (18).

O UNFPA aproveita a ocasião para lançar luz sobre os 25 anos da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento. “Nesta importante conferência, a decisão de ter ou não filhos, quantos e quando tê-los passou a ser reconhecida como um direito humano. Nestes 25 anos, é preciso refletir sobre o quanto foi alcançado e o que falta a ser feito para alcançar um mundo em que todas as gestações sejam desejadas, todos os partos, seguros e no qual todos os jovens atinjam seu pleno potencial”, lembra Jaime Nadal.

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