Após instalar dois cabos de fibra ótica em Fortaleza (o Monet, que vai até os Estados Unidos; e o SACS, que se conecta com Luanda e foi o primeiro a cruzar o Atlântico Sul), a operadora de cabos submarinos, Angola Cables, está finalizando a construção do seu Data Center na capital cearense, o Angonap, que será o primeiro da empresa no Brasil. A inauguração, prevista para o próximo dia 16 de abril, deve impactar imediatamente a economia local com criação mais de 600 empregos, diretos e indiretos.

António Nunes, CEO da Angola Cables

Com sua localização privilegiada, Fortaleza é um local bastante atrativo para a instalação destes cabos, entretanto, os benefícios dessa posição não eram ainda bem aproveitados. Segundo o CEO da Angola Cables, António Nunes, a cidade já é o segundo maior polo de concentração de cabos submarinos do mundo, mas estes só usam a cidade como um ponto de passagem, perdendo-se “a possibilidade de se ter um ponto efetivo de conectividade regional”.

“É também tendência mundial, que os cabos submarinos terminem diretamente nos data centers de forma a evitar percursos externos terrestres pertencentes a terceiros, inviabilizando assim parcialmente os negócios de conectividade. Desta forma, os proprietários dos cabos submarinos que estão instalados diretamente nos Data Centers como o de Fortaleza podem conectar diretamente à sua infraestrutura a outros sistemas de conexão tanto internacionais como nacionais, ganhando eficiência”, explica Nunes.

O Angonap Fortaleza será instalado na Praia do Futuro, numa área de 9 mil m², com área útil de 3 mil m² e certificação TIER III, segundo mais alto nível de certificação internacional para data centers. Outra especificação do data center é que ele será neutro, podendo, assim, receber cabos de todas as empresas que desejem estar lá, desde que estejam dentro dos requisitos técnicos e comerciais a serem definidos pela Angola Cables.

“Estamos construindo um data center que será referência internacional do ponto de vista da conectividade. Além disso, ter uma infraestrutura deste tipo numa região que está a desenvolver a sua economia digital é, sem dúvida, um grande potencial de geração de valor”, argumenta o CEO da Angola Cables.

Ter uma infraestrutura deste tipo numa região que está a desenvolver a sua economia digital é, sem dúvida, um grande potencial de geração de valor.

Data center será o segundo da empresa angolana, que também possui um em Luanda.

Com o novo data center, a empresa espera que todos os provedores de conteúdo da região Nordeste lá estejam conectados. “Um Data Center neutro tem várias vantagens num mercado crescente de desenvolvimento digital. Se considerarmos que todos os agentes do mercado se tornam cada vez mais digitais e que para suportar esse desenvolvimento econômico necessitam de Data Centers, então as vantagens são evidentes”, ressalta Nunes.

“Sem dúvidas a cidade de Fortaleza será um grande centro de conectividade do todo o país, pois ampliarão os pontos de troca de tráfego”, destaca o professor Clauson Rios, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE).

A quantidade de possíveis clientes nacionais e internacionais vai aumentar muito devido a adesão de empresas como Microsoft, Google e Amazon. Com a infraestrutura deste hub em Fortaleza, provedores mundiais de Internet ficarão interessados e ampliarão o conteúdo trafegado”, afirma o professor.

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Com essa infraestrutura, se espera, então, que a região passe a ser uma exportadora de informações, ampliando seus potenciais de crescimento econômico.

“Brasil e Angola possuem relações comerciais desde os anos 70. O nosso objetivo é criar um ambiente que beneficie e amplie ainda mais esses laços. Estamos a colaborar na internacionalização do Brasil, por meio desta ponte digital. Além disso, a rede da Angola Cables irá criar oportunidades de negócio entre a África e as Américas, que até então necessitavam de intermediação da Europa. Estas rotas inovadoras e alternativas, via Hemisfério Sul irão aproximar as empresas e os negócios destas regiões, que se encontram em fase de crescimento global”, finaliza António Nunes.

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