Natural de uma região entre Gana e o Togo, Inno Sorsy viaja o mundo contando histórias. Ao mudar-se para Londres ainda pequena, começou a estudar drama, teatro e música, disciplinas essenciais para sua formação. Hoje é especialista em voz e literatura, performer, escritora e, como faz questão de ressaltar, é contadora de histórias. As estórias de Inno são uma soma de suas memórias e das histórias que escuta em suas viagens. “Minha mãe, minha avó, as pessoas mais velhas de minha família e de outras famílias me contavam histórias”, lembra. “Muitas eram utilizadas como um instrumento de educação social”. Para Inno Sorsy, as histórias não são apenas palavras. Elas transmitem sentimentos, pensamentos e reflexões que podem ser adotados na vida real. “Eu espero que as pessoas se interessem pelas histórias. Pela sabedoria e pelo conhecimento que elas contêm, pois são ensinamentos que ajudam a controlar a dificuldades de ser um ser humano”, afirma.

A vontade de compartilhar algo e o amor pela fala do outro são pontos importantes na contação de histórias. Segundo a escritora, no momento em que uma história é contada, o cérebro desenvolve uma espécie de link, onde ouvinte e contador se conectam, tornando possível a troca de experiências. Inno reforça que o contato entre as pessoas não pode perder sua forma em um mundo onde novas tecnologias facilitam a comunicação. “Nós somos seres humanos e o computador não vai nos ajudar a pensar. Acredito que o contato entre pessoas ainda é uma coisa necessária em nossas vidas. Nós ainda não somos máquinas, então precisamos de interação com outras pessoas”, completa. Sobre a utilização de storytelling por grandes empresas como estratégias de marketing, Inno acredita ser apenas mais uma “moda”, uma coisa passageira. “Me pergunto se as pessoas que usam essa técnica tem algum conhecimento sobre histórias e contação de histórias. É mais um instrumento de lavagem cerebral”, comenta.

Por meio de oficinas e apresentações, a contadora de histórias mostra os aspectos técnicos e sociais de seu trabalho. Segundo ela, é Inno conta que o público determina o modo como história é contada. “Existem técnicas que dependem de quem seja o ouvinte. Se você vai contar histórias para uma criança, então é preciso criar um ambiente acolhedor, aconchegante e seguro. Mas se você vai falar para uma multidão, então as técnicas são de um discurso público”, relata. Com sua técnica, Inno Sorsy já visitou muitos países, entre eles Argentina, Colômbia, Espanha, Benin, França, Alemanha, Itália e Estados Unidos.  Em 1995, esteve no Brasil pela primeira vez para apresentar workshops. Desde então, retorna ao país para continuar disseminando seu trabalho. Em terras brasileiras, a escritora lançou um livro “O Ofício do Contador de História”, em coautoria com Gyslane Avelar Matos. “Aqui conheci pessoas maravilhosas e descobri que com o decorrer dos anos, a contação de história cresceu e se tornou algo maior. Eu gosto muito de vir aqui. É sempre interessante. As pessoas estão procurando diferentes formas de contar histórias”, revela.

The Company of Common Sense

Fundada por Inno Sorsy, a Companhia do Senso Comum (The Company Sense Common) trabalha a contação de historias como uma forma de reconectar o homem com sua cultura. Segundo a storyteller, mitos e contos são uma maneira de transmissão de sabedoria e conhecimento. A companhia trabalha essas histórias de modo a ajudar o homem a utilizar todo o seu potencial para o bem comum.

Share:

administrator