Desde 2014, mais de 7.400 homens, mulheres e crianças morreram em trânsito na África. É o que mostram os novos registros publicados pelo Projeto de Migrantes Desaparecidos (MMP) da OIM (Organização Internacional para as Migrações, parte da ONU). O número pode ser ainda maior levando em consideração que essas são apenas as mortes documentadas.
Os migrantes africanos estão morrendo a uma taxa de cerca de 25 pessoas por semana – ou cerca de 1.300 por ano continente africano, mesmo antes de embarcar em perigosas viagens marítimas para a Europa ou a Península Arábica. As rotas terrestres no Chifre da África e a perigosa passagem marítima através do Golfo de Áden e do Mar Vermelho mataram pelo menos 1.171 pessoas desde 2014. Os migrantes relataram ter testemunhado outros morrerem de fome, desidratação, exposição a condições climáticas adversas, acidentes de veículos e violência nas mãos de contrabandistas.
Bangui, Capital da República Centro-Africana Foto: Sandra Black/IOM
Os novos registros são baseados em centenas de relatos de testemunhas oculares coletadas de migrantes por meio de pesquisas realizadas pela Iniciativa de Mecanismo de Monitoramento do Centro de Migração Mista (4Mi). A inciativa coleta dados através de uma rede de mais de 120 monitores em mais de 20 países, e faz parte do Centro de Migração Mista, uma organização independente que trabalha na coleta de dados, realiza pesquisas e monitoramento sobre migração mista. As entrevistas com migrantes foram realizadas pela 4Mi entre dezembro de 2018 e abril de 2019 na África Ocidental, Norte e Leste e foram analisadas pela equipe do Projeto de Migrantes Desaparecidos antes de serem adicionadas ao banco de dados do MMP.
Os registros mostram que milhares de pessoas perdem suas vidas enquanto viajam pelo norte da África, onde 4.400 mortes foram relatadas desde 2014. No entanto, as mortes nessa região não são bem documentadas e o verdadeiro número de vidas perdidas durante a migração permanece desconhecido.
As rotas de migração na África Subsaariana também são perigosas, como demonstrado pelas 1.830 mortes registradas pelo projeto desde 2014. Muitas dessas mortes foram registradas na África Ocidental, onde 240 pessoas foram mortas em 2019.
Níger (África Ocidental) Foto: IOM
Os dados da pesquisa não contêm informações sobre as identidades daqueles que os participantes da pesquisa testemunharam morrer. Além de iniciativas como o 4Mi,existem poucos registros sobres mortes de migrantes no continente. Geralmente, seus restos mortais não podem ser recuperados, nem suas mortes investigadas. Tão pouco suas famílias tomam conhecimento.
Dados mais recentes sobre mortes de migrantes na África, podem ser encontrados no site do Projeto de Migrantes Desaparecidos (https://missingmigrants.iom.int/region/africa).
Os dados do Projeto Migrantes Desaparecidos Anonimizados podem ser baixados em http://missingmigrants.iom.int/downloads.
Informações sobre os pontos fortes e fracos de diferentes fontes de dados sobre mortes durante a migração, incluindo dados de pesquisas, podem ser consultados em: Fatal Journeys Volume 3, Part 1