Os impactos da mudança climática, alimentos locais limitados devido a recursos terrestres e oceânicos escassos e degradados, mudanças na dieta e alta dependência de alimentos importados – muitas vezes produtos ultraprocessados ​​ricos em sais, açúcares e gorduras – levaram a “extrema alta nos níveis de sobrepeso e obesidade”, alertou Graziano da Silva.

O chefe da FAO fez as declarações aos participantes durante o Fórum Político de Alto Nível de 2019, nesta segunda-feira (15), em Nova York.

De acordo com o Estado de Segurança Alimentar e Nutrição Mundial 2019 (SOFI) lançado no fórum pela FAO, FIDA, UNICEF, PMA e OMS, a obesidade adulta em SIDS é quase 60% maior do que a média global (20,9% versus 13,2 por cento), e em muitas pequenas nações insulares da Polinésia e Micronésia, quase um em cada dois adultos é obeso.

“A crescente dependência da importação de alimentos está relacionada à vulnerabilidade dos sistemas alimentares locais que apóiam dietas mais diversificadas e aos choques relacionados ao clima”, disse Graziano da Silva. 

Combate à obesidade

As últimas estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), apresentadas na SOFI,  indicam que o número de pessoas obesas no mundo (em torno de 830 milhões) já superou o número de pessoas que sofrem de fome. Hoje, portanto, há mais obesos do que famintos no mundo.

Dados mais recentes mostram que a obesidade está contribuindo para quatro milhões de mortes todos os anos, com um custo anual estimado em US$ 2 trilhões, similar ao custo do tabagismo ainda hoje no mundo.

A FAO e o Banco Mundial desenvolveram um conjunto de políticas voltadas à prevenção ou redução dos índices de obesidade. Entre essas políticas estão o aumento da disponibilidade de alimentos saudáveis, a implementação de políticas fiscais e de preços para desonerar o alimentos frescos e saudáveis e também incentivo à informação e à educação.

Não haverá vencedores nessa batalha contra obesidade sem a forte participação da indústria de alimentos. A luta contra a obesidade é – e tem de ser – um tema de saúde pública, mas também de cidadania”, afirma José Graziano, em um artigo publicado nesta terça-feira no jornal Valor Econômico. 

“Há fatores que explicam a relação direta entre insegurança alimentar e obesidade. Por exemplo: quando as pessoas têm menos recursos para obter alimentos, elas optam pelos mais econômicos e acessíveis”, conclui. 

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