Já imaginou levar um campo de futebol inteiro, colocar dentro de uma mala e levar para onde quiser? Isso ainda não é possível. Porém, uma tecnologia desenvolvida no Brasil permite armazenar um campo de futebol, com traves, arquibancadas e até vestiários em dois containers marítimos. O novo produto consolida a expertise do Brasil em requalificar espaços públicos através do futebol. “Esse produto foi feito para atender o governo brasileiro e é de baixíssimo custo de manutenção”, explica o empresário Alessandro Oliveira, sócio diretor da Soccer Grass, idealizador do campo portátil.

De acordo com o empresário, a durabilidade de um campo portátil é de 7 a 10 anos, mesmo sem manutenção. “Não precisa pintar. A grama tem excelente qualidade. E ajuda muito na logística, pois não precisa de empreiteiro, nem de engenheiro. Só de montador”, garante. O kit da arena vem com quadra multiuso de 450 m², arquibancada e dois containers que podem ser usados como vestiário ou uma unidade de saúde. A montagem ou desmontagem do espaço pode ser feita em 4 ou 5 dias. E além do futebol, é possível utilizar a arena para vôlei, aulas de dança de rua e rodas de capoeira”, lembra Oliveira.

No mercado desde 1995, a empresa Soccer Grass é líder no mercado de campos sintéticos no Brasil. Os campos da empresa são usados pela Seleção Brasileira de Futebol e pelos principais clubes brasileiros, como São Paulo, Palmeiras e Corinthians. Além disso, a empresa tem parceria com jogadores profissionais como Zico, Neymar Jr. e Ronaldo, que utilizam os empreendimentos da marca em seus centros de treinamento. Com operações nos Estados Unidos e Japão, a Soccer Grass espera entrar em outros mercados como Índia, Europa e África com esse novo lançamento.

Alessandro Oliveira

BRASIL COMO REFERÊNCIA

No Brasil, um campo portátil sintético custa seis vezes menos que uma arena sintética convencional: 300 mil reais (aproximadamente US$ 92,000). O custo menor tem estimulado iniciativas estatais como a do Governo do Paraná, que encomendou a compra de 24 unidades, que serão instaladas em áreas de maior vulnerabilidade social. A ideia do governo local é firmar parceria com as prefeituras, que cedem o terreno para que a Secretaria instale os equipamentos, que contam com estruturas de alambrados, arquibancadas e gramado sintético e podem ser utilizados para a prática de futebol, handebol, vôlei, tênis, badminton, entre outras modalidades. “As primeiras arenas estão sendo montadas, mas estamos satisfeitos com a velocidade. Por não serem construídas, sua instalação é bem mais ágil. Mas com certeza acreditamos que o impacto sobre a diminuição da criminalidade será enorme”, comemora o Secretário do Esporte e Turismo do Paraná, Douglas Fabrício. “Todo o processo burocrático para fazer uma obra para práticas esportivas nos municípios leva cerca de um ano. Com este formato, levamos cerca de 15 dias para entregá-la à população”, explica. “A comunidade ganha com a criação de espaço de convivência comunitária, um lugar para encontros e atividades culturais e ainda com a melhoria da economia local, uma vez que os entornos destes campos se tornam locais de empreendimentos variados”, acredita Preto Zezé, Presidente da Central Única das Favelas (CUFA).

O MODELO DE FORTALEZA COMO EXEMPLO

A experiência paranaense é inspirada no modelo exitoso criado na cidade de Fortaleza, capital do Ceará, no nordeste brasileiro, onde a prefeitura criou um projeto de requalificação de campos de futebol chamado “Areninhas”.

Em três anos de projeto, o poder público local implementou 22 areninhas de campo e deve criar outras 15 até o final de 2018. Sem usar o novo modelo portátil multiuso, a prefeitura da cidade investe cerca de R$ 1,8 milhão (cerca de US$ 544,000) por equipamento, com tempo de obra estimado em até seis meses. O valor inclui um campo sintético de tamanho maior e uma melhoria na infraestrutura do entorno.

Para cara areninha, a comunidade escolhe um Conselho Gestor Comunitário. “O órgão é formado por seis representantes da sociedade civil e seis membros escolhidos pelo poder público. O Conselho tem a função de zelar, formular e controlar a execução das políticas públicas voltadas para o esporte e o lazer no equipamento esportivo”, explica Carlos Dutra, Secretário municipal de Esporte e Lazer de Fortaleza. A escolha dos locais que irão receber requalificação passa por uma análise do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região e os registros de violência na área. ”São nesses locais que o poder público tem que se fazer presente e tentar mudar a realidade da região por meio da inclusão social através do esporte”, argumenta Carlos Dutra, Secretário municipal de Esporte e Lazer de Fortaleza. O sucesso do programa em Fortaleza também inspirou o Governo do Ceará a levar o projeto para outras 31 cidades do mesmo Estado.

(City of Fortaleza)

Vantagens técnicas e ambientais

Com grama sintética, os organizadores do torneio não precisam mais interditar campos em dias chuvosos, já que o equipamento pode ser usado em qualquer condição climática. Outra vantagem é o sistema de amortecimento da grama artificial dos campos que garante a absorção dos impactos, minimizando os riscos de lesões nas articulações, aumentando o desempenho dos atletas. Certificado pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), o sistema de absorção de impacto da grama sintética é feito com pneus de borracha reciclados. Cada campo remove aproximadamente 33.000 pneus velhos do ambiente.

Setor Privado

(Bhrama)

O projeto de qualificação do campo de futebol também é utilizado como estratégia de marketing para grandes empresas. De olho na Copa do Mundo FIFA de 2018, na Rússia, a cervejaria Brahma decidiu criar o programa “Viva o Campinho”, que vai revitalizar 300 campos de futebol no Brasil. A marca, que já é parceira de mais de 50 clubes e patrocina a seleção brasileira há 13 anos, já reformou 77 campos no Brasil desde 2015, quando o projeto começou. “Sabemos do importante papel que o campo desempenha nas comunidades em termos de entretenimento e seu viés social, por isso decidimos abraçar a causa da reciclagem e reforma de centenas de campos em todo o país”, diz Marcelo Tucci, diretor de marketing da Brahma. “O projeto vem complementar o que já fazemos no futebol nacional e nada mais legítimo, portanto, do que a Brahma abraçar mais essa causa”, acrescenta Tucci.

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