737 MAX: aposta da Boeing para Brasil e África

No último domingo (10), o Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines, que voava da capital etíope, Adis Abeba, em direção a Nairóbi, no Quênia, caiu menos de 10 minutos após levantar voo e vitimou todas as 157 pessoas a bordo. Este foi o segundo acidente envolvendo este mesmo modelo de aeronave em menos de cinco meses e acende sinal de alerta sobre sua segurança, visto que esse modelo é um sucesso de vendas.

O primeiro acidente envolvendo esta aeronave aconteceu na Indonésia no fim de outubro. Operado pela Lion Air, o avião caiu menos de 15 minutos após levantar voo e não deixou nenhuma das 189 pessoas presentes com vida. Com este segundo acidente, China, Indonésia e Etiópia já suspenderam operação com o 737 MAX 8 até que novas informações surjam, outros países, como o Reino Unido, seguiram essa tendência.

A Ethiopian Airlines, em nota, afirmou que embora ainda não se saibam as causas do acidente, foi decidido que seria suspensa a frota em particular como medida extra de precaução.

Boeing 737 MAX 8 chegando na China. País foi o primeiro a suspender sua operação após o acidente na Etiópia. (Foto: Thomas Peters/Reuters)

O 737 MAX foi o avião da Boeing que mais foi vendido nos últimos meses, acumulando mais de 5.000 pedidos de clientes em todo o mundo. No Brasil, a Gol é a única companhia aérea que faz uso deste modelo, e já havia encomendado 135 novas aeronaves até 2028.

O Boeing 737 MAX 8, modelo sucesso de vendas nos últimos anos (Foto: Boeing)

Para o vice-presidente financeiro da Gol, Richard Lark a aquisição visa expandir operações da empresa brasileira no exterior e melhorar sua eficiência. “Ao padronizar nossa frota com o Boeing 737 MAX, reduziremos os custos, aumentaremos a produtividade e seremos mais ágeis operacionalmente. Isso nos dá maior flexibilidade para realizar manutenções e trocas de aeronaves em toda a rede. O mesmo avião pode ser usado nos segmentos doméstico e internacional”, disse ele.

A Gol, em um primeiro momento, não se manifestou sobre a retirada das aeronaves de operação, medida resultou queda de 3,8% nas ações da empresa. O Procon-SP (Programa de Proteção de Defesa do Consumidor de São Paulo), no entanto, informou por nota que irá notificar a companhia para que suspenda os voos com este modelo. “O objetivo da ação é prevenir que ocorram futuros acidentes colocando em risco a vida dos usuários do transporte aéreo”, afirmou o órgão.

A empresa, ainda na segunda-feira, decidiu suspender temporarioramente as operações com o Boeing 737 MAX 8. A Gol informou em nota que “reitera a confiança na segurança de suas operações e na Boeing, parceira exclusiva desde o início da companhia em 2001, e esclarece que está acompanhando de forma intensiva todos os fatos que permitam o retorno das aeronaves às operações regulares da companhia no menor espaço de tempo possível”

No continente africano, além da Ethiopian Airlines, que é a maior empresa do ramo na região, o Boeing 737 MAX 8 também foi aposta da nigeriana Green Africa Airways, que fez acordo para aquisição de 100 aeronaves. A compra foi considerada o maior do continente até então, mesmo com a companhia ainda está em fase de implantação.

“Este acordo histórico nos aproxima muito do nosso sonho de longa data de construir uma companhia aérea que liberte um novo campo de possibilidades positivas para milhões de clientes. Em linhas gerais, é um símbolo ousado do dinamismo, resiliência e crescente movimentação empreendedora da próxima geração de nigerianos e africanos”, afirmou Babawande Afolabi, fundador e CEO da Green Africa Airways.

Após o acidente, as ações da Boeing despencaram 13%, maior queda dos últimos três anos. Através de nota, a empresa afirma que encaminhou uma equipe técnica ao local do acidente para prover o suporte necessário às autoridades.

“A Boeing está profundamente triste ao saber do acidente que acometeu passageiros e tripulação do voo 302 Ethiopian Airlines, uma aeronave 737 MAX 8. Nós manifestamos nossas condolências aos familiares e entes queridos dos passageiros e tripulantes à bordo e estamos prontos para dar suporte à equipe da Ethiopian Airlines. Uma equipe técnica da Boeing está viajando para o local do acidente para prover a assistência técnica sob direção do Ethiopia Accident Investigation Bureau e da U.S National Transportation Safety Board”.

No mundo, a empresa que mais solicitou aeronaves no modelo 737 MAX foi a norte-americana Northwest Airlines, com 280 unidades. A empresa ainda não se posicionou em relação às suas providências.