A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) assinou no último domingo (3), um acordo de 6,7 milhões de dólares com o chefe de delegação da União Européia em Amã, para financiar projetos de segurança alimentar no Iêmen. O acordo foi assinado poucos dias depois da divulgação de um documento elaborado pela própria FAO e pelo Programa Mundial de Alimentos a pedido do Conselho de segurança das Nações Unidas que mostra a situação dos oito países com o maior número de pessoas que necessitam de apoio alimentar de emergência. Os dados do relatório são alarmantes. O texto revela que cerca de 56 milhões de pessoas desses 8 países estão em situação de insegurança alimentar grave e precisam de auxílio imediato: Afeganistão, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Iêmen, Somália, Síria e Chade.

Direita para a esquerda: O diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, David Beasley, e o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, cumprimentam uma criança com a mãe em um centro de nutrição administrado pelo Comitê Internacional de Resgate em Ganyiel, Sudão do Sul.

Link do relatório: http://www.fao.org/emergencies/resources/documents/resources-detail/en/c/1178141/

Além disso, os dados mostram ainda que a ligação entre conflito e fome continua persistente e mortal. Devido aos confrontos, a situação piorou no final de 2018 no Afeganistão, na República Centro-Africana, na República Democrática do Congo, no Sudão do Sul e no Iêmen. Enquanto isso, Somália, Síria e a bacia do Lago Chade tiveram pequenas melhorias em termos de segurança. O diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, no prefácio do relatório, classifica a situação como “inaceitável para o século 21”.

Dificuldade de acesso

O relatório denuncia uma situação gravíssima: o aumento da violência contra os trabalhadores humanitários. Muitas vezes, as organizações precisam suspender as operações o que prejudica as populaçoes mais vulneráveis. Em 2018, trabalhadores e instalações humanitárias foram atacados em todos os países abrangidos pelo relatório. “Precisamos de um acesso melhor e mais rápido em todas as zonas de conflito, para que possamos chegar a mais civis que precisam da nossa ajuda”, declarou o Diretor Executivo do Programa Mundial de Alimentos, David Beasley, no prefácio do relatório.

FAO/Giulio Napolitano

Números alarmantes

No segundo semestre de 2018, a República Democrática do Congo teve o segundo maior número de pessoas com insegurança alimentar aguda (13 milhões), impulsionadas pelo agravamento do conflito armado.

No Sudão do Sul, onde conflitos civis persistem por mais de cinco anos, a baixa temporada deve começar mais cedo do que o normal, de acordo com o relatório, empurrando os que precisam de apoio urgente para mais de 5 milhões entre janeiro e março de 2019.

Do outro lado da bacia do Lago Chade, incluindo o nordeste da Nigéria, a região de Chad e Diffa, onde os militantes do Boko Haram atualmente fortemente, há uma estimativa de que 3 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar aguda ao longo de 2019.

No Afeganistão, se a assistência urgente para salvar vidas não for fornecida, a porcentagem de afegãos rurais que enfrentarão déficits alimentares agudos deve atingir 47% até março, o equivalente a 10,6 milhões de pessoas. Na República Centro-Africana, o conflito armado.continuou a ser o principal motor da fome em 2018, com 1,9 milhões de pessoas com graves déficits alimentares.

Desde junho de 2016, o Conselho de Segurança da ONU vem atualizando suas informações sobre insegurança alimentar para direcionar seus esforços para resolver conflitos a fim de acabar com a fome. Após um período de declínio, a fome no mundo está em ascensão novamente. Hoje, mais de 820 milhões de pessoas sofrem de desnutrição crônica, de acordo com a FAO que atribui esse crescimento aos conflitos, eventos climáticos extremos ligados à mudança climática e desaceleração econômica.

Superando problemas

A Segurança Alimentar como fator primordial para garantir o desenvolvimento sustentável será tema do Fórum Brasil África 2019, evento que será promovido pelo Instituto Brasil África em novembro e que reunirá diversos líderes em torno do assunto. É possível obter mais informações sobre o evento através do site www.forumbrazilafrica.com

Share:

administrator