O presidente do Brasil, Michel Temer, precisou de dois anos e dois meses no cargo, desde quando o assumiu com o afastamento de Dilma Rousseff, em 12 de maio de 2016, para fazer sua primeira visita à África. Ele esteve em Cabo Verde, nos dias 17 e 18 de julho, para participar de cúpula da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Escolheu, pelo menos, um evento de relevância para estrear no continente. As relações entre Brasil e África mudaram de maneira drástica desde a interrupção da permanência do Partido dos Trabalhadores (PT) no poder. A bem da verdade, já tinham sofrido uma alteração no ritmo a partir da saída de Luiz Inácio Lula da Silva, que governou entre 2003 e 2010 e fez um conjunto inédito de 33 viagens a países africanos ao longo de todo o mandato presidencial. Dilma, apesar de ser sua correligionária, reduziu bastante a intensidade desta relação, também marcada, na era Lula, pela abertura de 19 embaixadas brasileiras na região.

A viagem de Temer, mesmo que acontecendo tardiamente na perspectiva de brasileiros e africanos, apresenta a importância de lançar luzes sobre a CPLP, bloco que une relevância econômica, social e cultural. Embora nem sempre seja observada em tal perspectiva, o que acaba tolhendo seu potencial de estabelecer aproximação entre comunidades que apresentam o valor imensurável de estarem unidas pelo idioma comum.

A CPLP é composta, além de Brasil e Cabo Verde, também por Angola, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Pelo menos dez países integram o bloco, ainda, como Observadores Associados. São eles: Senegal, Geórgia, Japão, Maurício, Turquia, Namíbia, Eslováquia, Hungria, Uruguai e República Tcheca.

Historicamente, deu-se pouco espaço ao debate sobre a integração econômica entre os países, tema que começa a ganhar mais relevância, conforme ficou demonstrado mesmo na reunião de Cabo Verde, que aconteceu na Ilha do Sal. A presidência rotativa do bloco foi transferida do brasileiro Michel Temer para o presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.

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