Afrobeat é o termo usado para designar a fusão entre a música yorubá com o jazz, o funk e com outros ritmos. Popularizado na África na década de 1970, teve como criador e principal expoente o músico e ativista nigeriano Fela Kuti. Foi ele quem influenciou o carioca André Sampaio a seguir o Afro-rock. “O afrobeat se tornou um rótulo para toda essa sonoridade musical contemporânea que vem da África. Eu chamo meu som de afro-rock porque minha guitarra cumpre o papel de fazer essa ponte entre os sons contemporâneos e a diáspora africana”, revela André.

afro-rock fez André Sampaio seguir como artista solo após uma bem sucedida carreira de doze anos na banda de reggae Ponto de Equilíbrio. Exímio pesquisador, André sempre buscou combinar ancestralidade e contemporaneidade em seus trabalhos como músico. Mas foi somente em 2009 que teve a oportunidade de tocar em terras africanas, quando conheceu Moçambique com o apoio do governo brasileiro. Depois vieram outras excursões. A última delas durou dois meses em 2017, quando esteve em Mali, Burkina-Faso, Guiné e Senegal. “Tem muita coisa em comum entre os sons do Brasil e da África, como a percussão e os metais”, acredita. “Ficou claro pra mim que nossa música é um lugar de encontro das fusões”.

Essa fusão está presente em dois álbuns. O primeiro foi lançado em 2013 com o título “Desaguou”. “Ele fala muito sobre encantamento com a África. Eu estava encantado com os lugares e com as pessoas”, diz André. O segundo veio no final de 2017. Disponível nas plataformas de streaming, como Deezer e Spotify, “Alagbe” fala sobre resistências. “De lá pra cá, tudo mudou. Neste segundo trabalho, a gente agora precisa segurar uma onda de retrocessos que está cada vez maior”, acredita. “É preciso dar vozes às pessoas e também se colocar junto da luta. Existe um grande mal entendido entre muitos artistas e intelectuais que é de se colocar como salvador, como se estivéssemos acima das pessoas”.

Para André Sampaio, a influência da música africana no Brasil é inquestionável. “Se antes, os blocos afro eram nichos de resistência, assim como os próprios maracatus, hoje temos um outro momento. Alguns artistas e bandas como O Rappa, Natiruts, Criolo, Emicida, Iza e muitos outros, voltam a dialogar com as matrizes africanas e com outros sons que são ao mesmo tempo africanos e contemporâneos”, observa.

De contrato assinado com a gravadora Sony Music, André deve lançar um videoclipe em breve e sair em turnê pelo Brasil e pelo mundo. “A ideia é voltar para África e ir em lugares onde não fui. Devo ir ainda em Mali, Moçambique e Burkina-Faso, mas quero ir também em Benin, Cabo Verde, Angola e África do Sul. Fora isso, já temos músicas gravadas para um possível EP e um projeto para uma série de vídeos que registram essas viagens”, adianta. “A ideia é promover mais encontros entre artistas brasileiros e africanos. Mas o ideal seria trazermos alguns desses artistas para o Brasil”.

Playlist

Criado em Vila Isabel ouvindo samba, André Sampaio revela que hoje está atento a outros ritmos, como coco e samba de roda. Na playlist atual do músico estão bandas e artistas africanos contemporâneos como Fatoumata Diawara, Vieux Farka Touré (parceiro de André em alguns trabalhos) e Songhoy Blues, todos do Mali, além do rapper ganês Blitz the Ambassador. Do Brasil, ele vem apreciando a cantora Luedji Luna e o grupo BaianaSystem.

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