Imagine uma infértil Savana africana de 204 milhões de hectares tornando-se um celeiro de vários bilhões de dólares. Impossível? E mais… há três décadas, o infértil Cerrado (Savana brasileira) , foi transformado em uma das terras agrícolas mais produtivas do mundo gerando mais de US $ 50 bilhões por ano.
Se o Brasil conseguiu transformar sua “Savana”, o que impede a África de fazer o mesmo? A Savana da Guiné enfrenta restrições semelhantes ao Cerrado brasileiro na década de 1970: solos pobres em nutrientes e ácidos; chuva altamente variável e acesso limitado aos mercados regionais e de exportação, ausência de sementes adequadas, calcário e fertilizantes, irrigação e infraestrutura de apoio. No Brasil, o desenvolvimento da infraestrutura rural, as inovações tecnológicas e institucionais foram necessárias para transformar o avanço científico da gestão do solo e das novas variedades de culturas em produções agrícolas abundantes nas savanas.
Após a transformação bem-sucedida do cerrado brasileiro e pampas argentinos, a Corporação Agrícola Brasileira (CAMPO) e a Associação Argentina de Profissionais de Plantio Direto (AAPRESID) demonstraram capacidade para aumentar drasticamente os rendimentos em três continentes: América do Sul, Europa e África. O método de produção de colheita de plantio zero é ambientalmente amigável, melhoria a estrutura do solo e conservação de água e ajuda a mitigar as mudanças climáticas. Os seus programas de produção de culturas são adaptados a diferentes tamanhos de fazenda: pequenas, médias e grandes propriedades comerciais.
O Banco Africano de Desenvolvimento atualmente está assumindo a liderança no reforço das oportunidades de cooperação entre oBrasil e a África. Está discutindo com CAMPO e AAPRESID a introdução de tecnologia de produção, capacidade empresarial e investimento do setor privado para transformar a Savana Africana. Nossa cooperação também visa facilitar o investimento do setor privado de empresas brasileiras e argentinas para enfrentar o desafio do desenvolvimento da vasta savana africana.
A África tem grandes mercados agrícolas e muitas terras não utilizadas. Os mercados alimentares e agrícolas na África alcançarão US $ 1 trilhão até 2025,superando o valor atual de US $ 850 milhões. A Savana da Guiné na África Subsaariana é de aproximadamente 400 milhões de hectares – uma região do tamanho da Índia ou duas vezes o tamanho do Cerrado brasileiro e menos de 10% é utilizada. A Savana da Guiné se estende por 25 países, da África Ocidental à África Austral, apoiando os meios de subsistência de 239 milhões de pessoas. A Savana da Guiné também continua a ser a melhor opção do mundo para aumentar a produção de alimentos. Convidamos as empresas agrícolas brasileiras a explorar as oportunidades de investimento na África para consumo doméstico e para exportação. Uma oportunidade para não ser perdida!
“SE O BRASIL CONSEGUIU TRANSFORMAR A SUA ‘SAVANA’, O QUE IMPEDE A ÁFRICA DE FAZER O MESMO”?
* Em colaboração com Martin Fregene, Consultor Especial do Vice-Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento