Fortaleza, Brasil, 24 de novembro. O Fórum Brasil África chegou ao fim com compromissos reforçados e novas parcerias para estimular as relações Brasil- África. O evento de dois dias manteve quase 16 horas de programação ao vivo, transmitida em três idiomas (inglês, português e francês), alcançando uma audiência de aproximadamente dois mil espectadores somente durante a transmissão ao vivo.
Promovido pelo Instituto Brasil África (IBRAF) e co-organizado com o grupo Southbridge, o Fórum Brasil África 2021 reuniu virtualmente 80 palestrantes de alto nível para discutir o tema principal “ Recursos Naturais: proteção ambiental e desenvolvimento sustentável”
Na cerimônia de abertura, o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso claro sobre a importância do Brasil procurar se reconectar com o continente africano. Ele declarou que o fortalecimento das economias africanas e latino americanas possibilita a criação de blocos culturalmente, politicamente e economicamente fortes.
“Se a África é forte, se a América Latina é forte. Nós formamos blocos extraordinários com muita força econômica, com muita força política e cultural”- Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula dividiu seu ponto de vista sobre a atual situação política do Brasil, argumentando que o país precisa urgentemente voltar a um “ governo democrático”. “O Brasil precisa urgentemente ter um governo democrático novamente. Possuir uma visão mais benéfica do mundo para que possamos voltar a investir na África”.
Sua mensagem foi endossada pelo antigo presidente de Gana John Kufuor, que adicionou suas percepções sobre alcançar um mundo mais unido e sustentável.
“ Nós estamos em uma era onde nenhuma nação, ninguém, nenhum continente pode se colocar em isolamento ou ser uma ilha. Esta é uma era de interdependência” – John A. Kufuor
Ele falou sobre a a importância das discussões no Fórum Brasil África. “ O encontro no Fórum deve ser um local de celebração. Uma celebração pela humanidade. Uma celebração pelo que o futuro nos reserva quando a humanidade trabalhar unida e em cooperação”.
Durante o primeiro dia, o evento trouxe discussões sobre a terra, florestas, mineração, governança, agricultura, sistemas alimentares climaticamente inteligentes, energias renováveis, proteção ambiental e economias emergentes, envolvendo palestrantes notáveis como o antigo primeiro-ministro do Benim, fundador e sócio administrador do grupo Southbridge Lionel Zinsou; o antigo vice-presidente do Banco Mundial Otaviano Canuto; o vice-presidente sênior para a África do Leste no grupo OCP Fayçal Benameur; e Maria Helena Semedo, diretora-geral adjunta da FAO.
Abrindo o segundo dia do BAF 2021, o Instituto Brasil África reconheceu o Dr. Benedict Oramah, presidente do Afreximbank, como Personalidade do Ano para as Relações Brasil-África.
“Nós estamos felizes com a liderança que nós vemos no IBRAF e nós continuamos nossa parceria com o Brasil dada nossa cooperação histórica e duradoura. Estou muito feliz e agradecido de receber este prêmio” – Dr. Benedict Oramah
O Fundador e Parceiro Administrativo do Southbridge, Enviado Especial pela União Africana e líder do Fundo Global Donald Kaberuka discutiu os compromissos da África em direção ao desenvolvimento sustentável e a revisão de políticas dentro do continente, revelando muitas oportunidades.
Novas oportunidades de investimento e projetos conectando o Brasil e países africanos foram a chave das discussões. Falando em projetos de financiamento para o desenvolvimento econômico, Serge Ekué, Presidente do Banco de Desenvolvimento para a África Ocidental (BOAD) e Sérgio Suchodolski, Presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), falaram os novos desafios que as mudanças climáticas estão impondo ao mundo. “Nosso maior desafio é enfrentar os eventos das mudanças climáticas. Nós precisamos financiar um novo mundo, um mundo com tecnologia da informação e infraestrutura”, disse Suchodolski.
Comprometido em abrir novas oportunidades, o Instituto Brasil África e o Banco de Desenvolvimento da África Austral (DBSA), representado por seu CEO Patrick Dlamini, anunciaram a assinatura de Memorando de Entendimento entre as organizações, focando em usar experiências brasileiras na capacitação de mulheres e jovens africanos em setores estratégicos. O MoU deve gerar um programa técnico de treinamento para ser implantado no sul africano em 2022, cobrindo agricultura, produção de alimentos, indústria e energia renováveis.
O Grupo Southbrigde teve espaço para anunciar novas iniciativas de descarbonização na África, especialmente focadas em administração de florestamento e mobilidade elétrica. “O que nós aprendemos durante a pandemia mudou nossas práticas diárias. Nós estamos focando muito mais no que tem sido mostrado e acelerado durante a pandemia, a saber, os problemas das pessoas” disse o Sócio Administrativo Lionel Zinsou.
A necessidade urgente de uma transição climática foi reforçada em conversa especial com Ibrahima Cheikh Diong, assistente da Secretaria Geral das Nações Unidas e Diretor Geral da African Risk Capacity. “Embora nós, na África, não contribuamos tanto com emissões de carbono, nós também somos especialmente afetados pelas mudanças climáticas”, disse Diong.
Em se tratando de um assunto crítico, a senior partner e CEO do Southbridge Investiments Frannie Leautier e o presidente do World Resources Institute, Ani Dasgupta, enfatizaram a complexidade das questões de governança de água na África sub- Saariana: “As mudanças climáticas aumentam a escassez de água enquanto a demanda de países por água está explodindo devido a rápida urbanização. Visto que a COP 27 será a primeira COP a acontecer na África, nós temos uma oportunidade de ir a fundo nessas questões e inovar, tal qual fizemos com os telecoms, comércio e agora, energia”, enfatizou Leautier.
Água potável, administração de recursos hídricos, oceanos, economia azul, parcerias estratégicas, cooperação triangular, ESG e o setor privado também foram questões- chave discutidas em painéis reunindo nomes como José Graziano, ex-diretor-geral da FAO; Carlos Lopes, Professor Honorário da Escola de Governança Pública Nelson Mandela, Jorge Chediek, conselheiro especial do UNDP, Henrique Pissaia, coordenador-geral de alianças estratégicas da FLONPATA; Helder da Costa, Secretário Geral do G7+, Jennifer Blanke, Diretora não executiva da African Risk Capacity e Natalia Dias, CEO do Standard Bank Brazil.
Depois de dois dias intensos, o Presidente do Instituto Brasil África, Prof. João Bosco Monte, prospectou um futuro positivo para o relacionamento de ambas regiões mas chamou atenção:
“ Nenhuma das ideias trocadas e discutidas no Fórum Brasil África possuem valor se elas não são transformadas em ações”-– João Bosco Monte
BAF 2021 teve patrocínio de Afreximbank, Banco de Desenvolvimento da África Austral (DBSA), União Africana, Standard Bank, Grupo OCP, Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), AGRA, Brazafric Empreendimentos, Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE).