Líderes de empresas globais do setor de petróleo e gás se reuniram esta semana em Londres onde ocorreu um dos mais importantes eventos do setor, a International Petroleum Week (IP Week). Na ocasião, as empresas apontaram seu movimentos em regiões consideradas estratégicas como a costa oeste africana e o Brasil. Em meio à pressão dos ambientalistas, as empresas também também demonstraram interesse em avançar em áreas de energias consideradas limpas.
África em alta
Durante a IP Week, o diretor da Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC), Maikanti Baru, revelou que a indústria de petróleo e gás da África deve atrair cerca de US$ 194 bilhões até 2025. Desse montante, US$ 48 bilhões serão investidos na Nigéria, o que corresponde mais de 24% do investimento total, com mais de 20 projetos planejados. Baru defende que a Nigéria aumente o limite de exploração para além dos atuais – entre 1.000 a 1.500 m de profundidade. “As novas fronteiras de águas ultraprofundas precisam ser testadas. E é aí que precisamos dos investidores”, disse. Em termos de produção, o continente africano responde por 8,7% (8,1 milhões de barris por dia) da produção global de petróleo e 6,1% da produção global de gás.
Maikanti Baru
Total esperar crescer ainda mais
A gigante francesa Total informou que planeja manter seu crescimento anual de produção acima de 5% até o ano 2022. Segundo declarações de Arnaud Breuillac, chefe da empresa, durante a IP Week, a produção de petróleo em águas profundas no Brasil e no Golfo do México devem garantir esse crescimento.
Para 2019, a empresa espera aumentar sua produção em 9%, depois de atingir níveis recordes em 2018, apoiada por uma série de novos grandes projetos de GNL e petróleo. As operações em Kaombo Norte (Angola), Egina (Nigéria) e Ichthys (Austrália) são as grandes apostas da companhia.
Apesar de sua forte atuação na costa oeste africana, sobretudo em Angola, a empresa trabalha com a hipótese de uma queda na produção local a curto prazo. “Temos muitos desenvolvimentos marginais na África Ocidental que são muito lucrativos porque não precisam de grandes investimentos em infraestrutura. Só é preciso perfurar. E os custos de perfuração caíram muito significativamente nos últimos quatro anos”, admite.
Breuillac admite que a volta do crescimento da produção na África Ocidental dependeria do sucesso futuro da exploração na região. A empresa fez uma importante descoberta recente na costa da África do Sul no início de fevereiro e tem projetos de perfuração em andamentos no Senegal, Mauritânia e Namíbia.
O protesto em frente ao hotel InterContinental na quarta-feira destacou a crise existencial da indústria do petróleo. Está sob crescente pressão para corrigir e alinhar-se às exigências da transição energética. Embora a Big Oil não esteja acostumada a demonstrações em conferências, os CEOs estão finalmente reconhecendo que enfrentam consequências reais para sua capacidade de reter acionistas se não responderem.
Sustentabilidade em foco
As questões ambientais estiveram no foco das discussões da IP Week. A pressão vem tanto dos investidores quanto dos ambientalistas. O resultado foi visto nos discursos dos CEOs e dos demais executivos que subiram no palco da IP Week.
“Estamos diante de uma crise de percepção”, disse o presidente-executivo da Saudi Aramco, Amin Nasser. Maior produtora de petróleo do mundo, a Saudi Aramco agora pretende se tornar uma líder mundial em gás.
A Total anunciou que a aquisição da NovEnergia, uma produtora de energia renovável. A Shell e a British Petroleum também fizeram algum tipo de movimento comprando empresas de energia limpa ou investindo investiram em infra-estrutura de veículos elétricos e concessionárias de energia .