Como uma linha tênue e invisível a possibilidade de comunicação linguística se efetiva entre os povos a partir de um idioma em comum. O conhecimento de uma língua estrangeira estreita distâncias e estabelece expectativas de aproximação com o desconhecido.
Ao tratar da relação Brasil-África e meu instrumento de trabalho: a língua espanhola, surge um universo de inquietações em busca de respostas. Desde os primeiros minutos de trato com o ensino e aprendizagem desse idioma aprendemos e ensinamos que na África também se fala espanhol. Guiné Equatorial é a representação mencionada. E por aqui se acabavam as informações nas salas de aula.
Motivamos os estudantes a encontrarem dados sobre os diversos países de fala hispânica e frequentemente são realizadas feiras culturais com elementos das temáticas frequentes nesses lugares. E onde se encontra o lugar do espanhol na África?
O desconhecido se instaura e a ausência da difusão do conhecimento é uma constante. Com a associação da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras, descobrimos que há uma lacuna a preencher em que faz-se necessária a difusão de textos que nos apresentem informações que antes se viam “impossibilitadas” de atravessar o Atlântico. Existe uma série de produções veiculadas na rede por representantes da língua espanhola no mundo de forma que chegam a nós, pelos mares cibernéticos, uma considerável amostra do que se pode encontrar do outro lado da janela que se chama Atlântico. Esse idioma se torna língua oficial por decreto de 1996, como efeito colateral, nos aproxima etimologicamente ao português, sendo línguas de uma mesma raíz.
Há portanto um caminho a percorrer, uma “navegação” que busca elementos em que o espanhol, como língua de origem irmã à nossa, seja o idioma mais acessível para muitos brasileiros, com potencial de se tornar uma ferramenta que possibilite o estreitamento de relações linguística entre nossos povos.
São vínculos por descobrir, são vínculos por se estreitar. São hipóteses por se comprovar.
Em buscas desses pontos comuns, estabelecidos pela língua estrangeira com que trabalho, deparo-me com artigos que tratam de elucidar parte desse processo histórico evidenciando a necessidade de difusão do desconhecido ao nosso alcance pela via digital. Os laços mais evidentes, como nossa carga de melanina, nossa história comum e todo o arcabouço de elementos culturais que cruzaram mares, se associaram aos nossos primórdios indígenas e clamam ser estendidos de forma que nos entendamos a nós mesmos como povos que compartilham origem, língua e tradição.