Morreu na quinta-feira (25), ao 92 anos, Beji Caid Essebsi, o primeiro presidente democraticamente eleito da Tunísia na era pós-Primavera Árabe. Ele foi internado em um hospital de Túnis por problemas médicos ainda não especificados.
No poder desde dezembro de 2014, Essebsi foi um ator político importante no Estado norte-africano por várias décadas e ocupou diversos cargos, entre eles chefe de segurança nacional, ministro do Interior, ministro da Defesa e ministro das Relações Exteriores.
Nascido em 1926, Essebsi assumiu o poder em um cenário político conturbado, depois que a Tunísia testemunhou a revolução popular conhecida como a Primavera Árabe. As revoltas populares derrubaram o então presidente Zine al-Abidine Ben Ali, que depois fugiu para a Arábia Saudita, evitando uma sentença de prisão perpétua dada à revelia por ordenar que as forças de segurança disparassem contra manifestantes desarmados.
Da ocupação francesa à primavera árabe
Durante a década de 1950, quando a Tunísia ainda estava sob ocupação colonial francesa, Essebsi, um jovem estudante em Paris, participou da luta nacional contra a ocupação da Tunísia ao lado de ativistas do Novo Partido Constitucional Liberal.
Após a independência da Tunísia em 1956, Essebsi ocupou muitos cargos importantes, entre eles o de diretor de segurança nacional, em 1963, durante o mandato do presidente Habib Bourguiba. Como chefe de segurança, Essebsi enfrentou críticas dos opositores por supostamente torturar detentos durante interrogatórios.
Ainda sob o comando de Bourguiba, em 1969, tornou-se ministro da Defesa. No ano seguinte assumiu o cargo de embaixador da Tunísia na França. Em 1981, Essebsi foi nomeado ministro das Relações Exteriores da Tunísia. Dois anos após a derrubada do presidente Bourguiba, em 1989, Essebsi foi eleito membro do parlamento, onde ficou até 1991.
Depois de uma longa ausência da cena política, Essebsi retornou à política como primeiro-ministro durante o breve governo de transição formado depois que Ben Ali foi deposto na revolução de 2011. Mas ele depois o posto em poucos meses, quando o Movimento Ennahda assumiu o poder no país.
Então, fundou o partido Nidaa Tounes, que conseguiu mais tarde ganhar as primeiras eleições parlamentares do país, levando a um parlamento permanente na era pós-Ben Ali. Em setembro de 2014, Essebsi apresentou oficialmente sua candidatura para as primeiras eleições presidenciais desde a revolução de 2011.
Manifestantes na Avenida Habib Bourguiba, no Centro de Tunis, 14 de Janeiro de 2011
Durante a presidência de Essebsi, ele assumiu posições controversas sobre vários temas sociais sensíveis, incluindo uma política de herança familiar em desacordo com a lei islâmica, bem como legalizar casamentos entre mulheres muçulmanas tunisianas e homens não muçulmanos, contrariando a jurisprudência religiosa islâmica.