O ano de 2016 registrou o centenário de nascimento de Miguel Arraes, celebrado no dia 15 de dezembro, os 10 anos do Instituto Miguel Arraes e os 40 anos da Declaração Universal dos Direitos dos Povos, escrita em 1976, em Argel, com a contribuição de Arraes. A colaboração de Miguel Arraes aos movimentos de libertação que lutaram pelo fim da colonização foi maior nos países de língua portuguesa. Em Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe houve um relacionamento estreito e colabação com a luta da libertação desses países. Esteve presente, a convite do amigo Samora Machel, quando a bandeira de Moçambique foi hasteada na sua libertação. A África do Sul, Namíbia e Argélia também foram temas de suas atenções. Arraes foi imigrante do Araripe para o Recife e, posteriormente, esteve exilado por 14 anos na Argélia, no norte da África, onde conheceu a dura vida dos imigrantes e refugiados. Ele foi, também, uma das principais testemunhas, e quase vítima, da “Operação Condor”, aliança político-militar existente nas décadas de 1970 e 1980 para reprimir e eliminar líderes políticos opositores às ditaduras dos países da América do Sul. Arraes foi um político que sempre deu à causa da água e à democratização da sua utilização um grande relevo. Foi a sua luta que evitou a privatização da Chesf e, por consequência, do Rio São Francisco. Resgatou a ideia da Transnordestina, trabalhou a questão da eletrificação, a questão fundiária, entre outros assuntos relevantes. Arraes foi o maior laboratório de projetos sociais do Brasil. Foi do Chapéu de Palha, em que o trabalhador recebia, mas trabalhava, à fundação do Lafepe, projeto inovador na criação de um laboratório para fazer medicamentos para os pobres. Neste ano que se inicia, o Brasil precisa reencontrar o seu caminho e fazer uma agenda mínima em torno dos verdadeiros interesses do povo brasileiro. O Partido Socialista Brasileiro – PSB, inspirado em Arraes, tem um importante papel neste cenário nacional e precisa vencer a crise de identidade que a esquerda vive, formulando um projeto novo que leve em consideração uma nova divisão daqueles que vivem no conforto, e se beneficiam da globalização, e os que não têm conforto e não se beneficiem dela. A casa de Magdalena e Miguel Arraes, no bairro de Casa Forte, no Recife, fez história, foi, e é, com o Instituto Miguel Arraes – IMA, uma faculdade aberta de política. Um povo não pode dizer adeus à sua história. Miguel Arraes vive e deixou um legado de luta e resistência.
“ARRAES FOI UM POLÍTICO QUE SEMPRE DEU À CAUSA DA ÁGUA E À DEMOCRATIZAÇÃO DE SUA UTILIZAÇÃO UM GRANDE RELEVO”