É estranhamente adequado que eu escreva estas reflexões no final do dia 10 de fevereiro. Vinte e oito anos atrás, nesta mesma noite, eu fiquei acordada esboçando meu poema “Testament for The First Accused: Nelson Mandela for the Twenty-Seven Years” (Testamento para o Primeiro Acusado: Nelson Mandela por Vinte e sete Anos). O anúncio da iminente libertação de Mandela me impulsionou a documentar o que aqueles vinte e sete anos realmente significaram. Quando ele faleceu em dezembro de 2013 não pareceu um exagero dizer que o mundo inteiro lamentou e novamente refletiu o significado de sua vida. Nós não éramos uma exceção na Universidade Rutgers, onde o legado de Mandela significava tanto que nós, durante os anos 80, fizemos protestos continuados contra o Apartheid que nos tornaram a primeira universidade pública dos Estados Unidos com total desinvestimento. Minha contribuição aos nossos memoriais foi apresentar meu poema. O que me impressionou naqueles dias de preparação foi a dissonância entre a importância de “Mandela”, o prisioneiro político icônico da nossa geração que tinha se manifestado tanto pela sua libertação e a incredulidade de nossa paixão pela geração mais jovem de estudantes para quem, como alguém explicou, “sempre foi o Presidente Mandela”. Certamente: calouros do ano em que Mandela faleceu,foram afinal, todos nascidos no ano em que ele foi eleito presidente. Em suas vidas conscientes ele não foi tão presidente quanto foi o presidente anterior e um político destacado internacionalmente. E assim é o poder do tempo e suas transformações de significado. Sou daquela geração para quem nada sobre a vida de Mandela ou seu falecimento poderia ofuscar sua libertação da cadeia no dia 11 de fevereiro de 1990. Para nós ele sempre foi o prisioneiro político mais importante no mundo. Aqueles vinte e sete anos dos quais nossos estudantes sabiam tão pouco representavam nossas vidas inteiras: meu tempo de vida até aquela data, o tempo de vida de meus irmãos e irmãs e os companheiros estudantes e ativistas e as infâncias de nossos filhos; todos aqueles que se mantiveram vigilantes ao longo dos anos – sem falar na importância que eles tinham tido para o próprio Mandela, sua família e seus colegas e companheiros de prisão. Em 1990 e em 2013 projetei minha mente de volta num exercício de recordação e o processo foi uma vigília pela minha infância e juventude. Os incidentes que lembrei foram as ações daqueles lutando por sua libertação, lutando por muitas libertações no mundo inteiro, incluindo a causa que ele veio a simbolizar. Para mim, a imagem duradoura não é simplesmente a visão de seu punho erguido de boas vindas para saudar o mundo à espera, mas também e primeiramente, o cartaz de seu rosto atrás das grades cortadas que se transformam em velas; sinais duradouros de uma luta que continua e uma esperança de liberdade, que nunca morre.
Os incidentes que lembrei foram as ações daqueles lutando por sua libertação, lutando por muitas libertações no mundo inteiro, incluindo a causa que ele veio a simbolizar. Para mim, a imagem duradoura não é simplesmente a visão de seu punho erguido de boas vindas para saudar o mundo à espera, mas também e primeiramente, o cartaz de seu rosto atrás das grades cortadas que se transformam em velas; sinais duradouros de uma luta que continua e uma esperança de liberdade, que nunca morre.
“O ANÚNCIO DA IMINENTE LIBERTAÇÃO DE MANDELA ME IMPULSIONOU A DOCUMENTAR O QUE AQUELES VINTE E SETE ANOS REALMENTE SIGNIFICARAM”.