Em recente conversa com o Presidente do Instituto Brasil África, Professor João Bosco, discorremos sobre a importância da juventude no processo de desenvolvimento econômico e social. Apesar da apresentarem populações majoritariamente jovens, estes ainda têm pouca representatividade nos círculos nos quais as decisões são tomadas. É nítida a escassez de espaços para o desenvolvimento de jovens lideranças na África e no Brasil. A absorção de lideranças jovens traria muitos benefícios para a economia e a sociedade de ambas as regiões. De acordo com a Organização das Nações Unidas – ONU – o mundo jamais teve uma população tão grande de jovens – 1,8 bilhão, e correspondem à maior parcela da população nos países emergentes. Tal cenário, dito de bônus demográfico, é muitas vezes apontado por especialistas como um momento chave para o aumento da produtividade e das riquezas de uma sociedade, visto que a parcela da população econômica ativa sobrepõe-se a de pessoas inativas, proporcionando um excedente para a economia. Países asiáticos como Cingapura, Coréia do Sul e Japão vivenciaram um período de elevado crescimento econômico durante seus « bônus demográfico». Nesse contexto, o Brasil e o continente Africano têm um grande potencial de desenvolvimento econômico a ser explorado se tiverem a capacidade de investir em capital humano nesse grupo etário, principalmente em emprego e educação. Ademais, é importante tambémpensar os jovens também como agentes da mudança. Desde que cheguei no Fórum Econômico Mundial há dois anos, instituição com longo histórico em construir pontes entres diversas comunidades do setor público e privado,acadêmico, organismos internacionais, entidades sociais em todas as regiões do mundo, me fascino com a forma como posiciona o desenvolvimento das lideranças jovens no centro de seus objetivos. Dessa forma, o Fórum torna-se capazde trazer novas ideias e perspectivas para velhos problemas de modo a alcançar impacto em nível local, regional e global. Em 2017 eu tive a oportunidade de encontrar jovens líderes latino-americanos e africanos em suas respectivas regiões durante as reuniões regionais organizadas pelos Fórum na África do Sul e na Argentina. Dos dois lados do Atlântico, o grupo era formado por empresários, políticos, funcionários públicos, empreendedores sociais, acadêmicos, cientistas e jornalistas, que falavam com propriedade sobre os mais diversos assuntos. Dentre suas maiores preocupações estavam as seguintes questões:(i) apoiar na resolução dos problemas de suas vizinhanças/comunidades com foco na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)da ONU, em nível local, de modo a contribuir com o global, (ii) promover uma renovação política em seus países, centrada em valores como transparência e participação cidadã e (iii) transformar os desafios das novas tecnologias da Quarta Revolução Industrial em oportunidades para suas sociedades. Esses jovens de nossas duas regiões estão rapidamente alcançando notoriedade com suas ideias e soluções fundamentalmente porque acreditam que podem escalar o impacto de suas iniciativas por meio de parcerias, colaborações e aprendizados a partir da interação com profissionais de diferentes áreas e regiões. Os países africanos e o Brasil compartilham muitos desafios e oportunidades. Eu acredito que a construção de mais espaços e fóruns de discussão, nos quais os jovens possam dividir suas experiências e buscar novos parceiros para desenvolver suas ideias, os fariam alcançar resultados mais significativos. No melhor espírito de colaboração, eu me uno aos demais colegas do Conselho Editorial da Revista Atlântico com a nobre tarefa de trabalhar para construir pontes entre os países do continente Africano e o Brasil, especialmente entre os jovens líderes destas regiões imbuídos da vontade de causar impacto em suas comunidades.

“É NÍTIDA A ESCASSEZ DE ESPAÇOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE JOVENS LIDERANÇAS NA ÁFRICA E NO BRASIL.”

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